Rim é o órgão mais transplantado em Portugal
O transplante de rim lidera largamente, em Portugal, o número de transplantes de órgãos, área em que o país está acima da média europeia. Quem o afirma é Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT).
No entanto, o médico reconhece que a principal dificuldade reside no número de órgãos insuficientes para os doentes necessitados, que têm uma espera em diálise entre quatro a cinco anos.
"A nossa taxa de recolha de órgãos por milhão de habitantes está nos 28, mas já esteve melhor, nos 31, em 2009, em que tínhamos o segundo lugar europeu na taxa de colheita e éramos os primeiros na transplantação", sublinhou Fernando Macário.
Fernando Macário diz que o objectivo é passar para uma taxa de colheita de 30 órgãos por milhão de habitantes.
Segundo o presidente da SPT, o objectivo é passar para uma taxa de colheita de 30 órgãos por milhão de habitantes, que mesmo assim será inferior aos dos vizinhos espanhóis, com uma taxa de colheita de 34 por milhão.
Fernando Macário defende que, para aumentar o número de transplantes em Portugal, é necessário melhorar a estrutura organizacional de procura e colheita de órgãos, aumentar as camas nos cuidados intensivos para manter os dadores, desenvolver mais a colheita de rins a partir de dadores vivos, que representa apenas 11%, em contraste com os 30 a 40 por cento do norte da Europa, e efectuar colheita em situações de paragem cardiorrespiratória, “que já está legislada”.
Sim ao Desporto
A SPT assinala na segunda-feira o Dia do Transplante, em Coimbra, no Pavilhão Centro Portugal, que este ano é dedicado ao Desporto e à demonstração de que o exercício físico contribui para melhorar o estado de saúde dos transplantados.
"A actividade física e o Desporto permitem que o doente transplantado retorne quanto possível a uma vida activa próxima da normalidade e preserva e aumenta a longevidade dos órgãos", salientou Fernando Macário.
No entanto, o especialista alerta que, os desportos violentos e que implicam contacto, "podem não ser aconselháveis e poderá haver cuidados especiais até ao retorno a um desporto de alta competição"
José Alberto Silva, de Ermesinde, sofreu um transplante renal há dois anos, cujo dador foi a mulher, e é um exemplo de que o Desporto permite uma vida saudável e "quase normal" a um doente transplantado.
“A grande vantagem do Desporto é o bem-estar que sinto e foi voltar a viver o que vivi há muitos anos e que durante muito tempo não pude fazer, devido à doença”, disse à agência Lusa, salientando que, tirando as consultas regulares no hospital tem uma vida "muito próxima da normalidade”.
Linhares Furtado realizou o primeiro transplante em Portugal há 46 anos, a 20 de Julho de 1969, em Coimbra.
Praticante de ciclismo, José Alberto Silva tem 39 anos e treina uma média de oito horas semanalmente, e entre 10 a 12 horas ao fim de semana, em bicicleta estática e de rua. Participa também em provas oficiais: a última foi em Junho, no Gerês Grandfondo Cycling Road.
Na segunda-feira, em Coimbra, vai ser um dos oradores convidados para apresentar o seu processo de recuperação e, segundo disse, para “passar a mensagem às pessoas que se encontram em diálise que há vida para lá dos transplantes”.
O Dia do Transplante comemora o primeiro transplante realizado em Portugal, que se efectuou há 46 anos, a 20 de julho de 1969, em Coimbra, pelas mãos do cirurgião Linhares Furtado.
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