Passos nega "sete pecados capitais" e acena com "dez pragas" do PS

Passos nega "sete pecados capitais" e acena com "dez pragas" do PS

Passos nega. Primeiro-ministro diz que socialistas têm reagido com "azia" aos indicadores do desempenho económico do país. Ferro acusa PSD e CDS de serem "especialistas em regressos ao passado".


Pedro Passos Coelho contrariou esta quarta-feira que o governo português tenha cometido os sete pecados capitais, como afirmou há uma semana António Costa, e no debate sobre o Estado da Nação devolveu as acusações aos socialistas também sob a forma de regresso ao passado.

Através de referências bíblicas e da revisitação ao executivo de José Sócrates. O primeiro-ministro observou que Costa e Ferro Rodrigues falam em "sete pecados para mudarem as agulhas" para áreas mais convenientes para o PS e avançou com "as dez pragas" que os socialistas deixaram no país.

E, uma por uma, elencou as maleitas.

Começou pelas "obras faraónicas", como o TGV ou o novo aeroporto, passou pelos programas de establidade e crescimento (os famosos PEC de Sócrates), que "não trouxeram estabilidade mas aumento de impostos", os níveis de desigualdade mais acentuados da União Europeia, os "défices ruinosos", os "défices externos que rondaram cerca de dez por cento", o "completo desgoverno do setor empresarial do Estado", a nacionalização do BPN, o défice tarifário na eletricidade, o "endividamento galopante" que disse ter culminado com o pedido de ajuda externa e o "desemprego estrutural acima de dez por cento".

Isto porque antes o líder da bancada "rosa" acusara o executivo de não fazer mais que "propaganda" numa "base irrealista" sobretudo quando fala de economia e emprego, "brandindo ameaças de regresso ao passado".

Regresso ao passado, esse, em que vincou serem os membros do governo, PSD e CDS "especialistas" - referiu a taxa de pobreza, desemprego e emigração como exemplos.

Passos retorquiu com palavras muito duras.

Porque o PS, sublinhou, tem reagido "muita e incompreensível azia" aos resultados que vão sendo divulgados sobre o desempenho económico português.

E se este debate do Estado da Nação é, em certa medida, também o debate sobre o estado da nação grega, Ferro lamentou o "seguidismo acéfalo" do governo de Passos e Paulo Portas em relação ao Eurogrupo e ao Conselho Europeu sobre a crise em Atenas, tese que o primeiro-ministro refutou em poucas palavras, reduzindo-a a "referências insistentes e desesperadas" de passar a ideia de que o executivo nacional quer boicotar o acordo. 

"Risível", rematou.
Passos Coelho elogia "o país no seu conjunto" que se superou. Menos "as oposições"

Passos Coelho avisou logo nas primeiras linhas do seu discurso ao que ia - o elogio da ação do seu Governo.


Abrindo o debate do Estado da Nação, o último desta legislatura, o primeiro-ministro afirmou aquilo que aconteceu nestes quatro anos: "Sabemos que a estratégia que seguimos de rigor, de crescimento e de credibilidade foi a mais acertada". E justificou-a.

"Foi a mais acertada, não segundo critérios de política partidária; não segundo cartilhas ideológicas que ignoram a realidade e os problemas concretos das pessoas", mas sim porque "foi a mais acertada para devolver aos portugueses um horizonte de mais prosperidade, de mais equidade e de mais justiça".

Para o primeiro-ministro, "foi realmente o país no seu conjunto que soube superar-se". E sublinhou, neste ponto, "os trabalhadores e os empresários, os funcionários públicos, as pessoas mais abonadas e menos abonadas, do Norte e do Sul e nas regiões autónomas.
Foram as famílias na sua entreajuda" - e seguiu na enumeração de outros setores. "Foram todos os portugueses que, independentemente das suas convicções políticas, nunca desistiram."

Logo depois, Passos Coelho apontou, por contraponto à "determinação do povo português para dar a volta às dificuldades", a atitude das "oposições".

"Não pudemos contar com a oposição para obter estes resultados e talvez por isso as oposições se ressintam deles. Talvez preferissem estar ainda hoje a discutir o programa de assistência e os segundos resgates ou até os programas cautelares", atirou o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro sublinhou as diferenças com a Grécia, notando que hoje o país tem "uma confiança" que "não tinha há já muito tempo". Essa confiança traduziu-se no facto de se terem recusado a serem "joguetes do que fosse decidido fora das nossas fronteiras".

"Se não tivessemos abraçado o princípio da responsabilidade nacional, como tantas vezes aqui no Parlamento o principal partido da oposição rejeitou, estaríamos agora a enfrentar carências muito graves, desequilíbrios muito sérios, e com toda a certeza ainda estaríamos a tentar cumprir sucessivos programas de assistência externa."

Passos rematou a intervenção - aplaudida de pé pelas duas bancadas da maioria governamental, do PSD e CDS - notando: "Houve momentos em que a dimensão dos obstáculos parecia que ia levar a melhor sobre os nossos esforços. Mas perseverámos. E não falhámos." As eleições legislativas estão aí, este é o discurso de arranque da campanha.
Jerónimo de Sousa: Governo não foi "inseticida" para as dez pragas.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou esta quarta-feira o governo de não ter atuado como "inseticida" contra as pragas que se abateram no país, uma crítica à qual o primeiro-ministro respondeu afirmando não ser "farinha do mesmo saco".

No primeiro frente-a-frente do debate sobre o "Estado da Nação", o líder parlamentar do PS e o primeiro-ministro travaram um debate intenso, com Ferro Rodrigues a apontar ao Governo "sete pecados capitais" e Passos Coelho a contrapor com as "dez pragas socialistas".

Aproveitando estas imagens bíblicas, Jerónimo de Sousa questionou a posição do executivo perante essas pragas: "Qual foi a posição do seu partido perante essas pragas? Não foi inseticida, foi parte integrante dessas pragas que se abateram sobre o país", acusou o comunista.

"Não somos todos farinha do mesmo saco", respondeu o primeiro-ministro, dirigindo-se ao líder do PCP.

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa afirmou ainda que o "Estado da Nação é de um país mais endividado, com mais desemprego, com mais emigração, com mais pobreza e com mais injustiças", considerando que o executivo "governou contra os portugueses e contra o país, mas também contra as promessas que tinha feito".

Jerónimo de Sousa lembrou que durante a campanha para as legislativas de 2011 "Paulo Portas afirmava que não era possível absolver um primeiro-ministro que levou a dívida pública a 170.000 milhões de euros", para questionar: "O que fazer agora com um primeiro-ministro e um Governo que levou a dívida para 220.000 milhões de euros?"

"Eu sei que para Paulo Portas não há coisas irrevogáveis, mas há esclarecimentos que têm de ser feitos", ironizou o deputado comunista.

Na resposta, Pedro Passos Coelho lembrou o montante emprestado no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) para justificar o aumento da dívida pública nos últimos quatro anos: "Não conheço nenhum país que peça 78.000 milhões de euros emprestados e que a dívida baixe.

Mas na sua tendência vai baixar. E já está a baixar. É verdade que podíamos baixar o rácio da divida se fossemos imprudentes", disse.

O primeiro-ministro justificou essa "prudência" com eventuais "volatilidades dos mercados", defendendo que "os portugueses precisam de um Governo que tenha responsabilidade de zelar pela sua segurança".

Passos Coelho voltou ainda a falar da situação na Grécia, negando que esteja a ser feita "chantagem" sobre Atenas.

"Na cimeira de ontem [terça-feira] todos disseram estar disponíveis para dar mais ajuda à Grécia. Mas em todas as nações europeias há democracias, em todas as nações europeias se fazem sacrifícios.

Em nenhuma nação existe nenhum exemplo em que se possa emprestar sem condições. Isso não existe na Grécia, nem em lado nenhum do mundo", terminou.

 

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