Exército egípcio trava o ataque jihadista mais mortífero de sempre no Sinai
Exército egípcio trava o ataque jihadista mais mortífero de sempre no Sinai: Braço do Estado Islâmico no Sinai tentou invadir Sheikh Zuweid. Exército do Egipto diz que matou mais de 100 jihadistas, mas os seus números são contestados.
O Egipto enfrenta há meses uma sucessão de ataques a figuras de Estado e forças. No início da semana, o procurador-geral do país foi morto.
Um grupo aliado do autoproclamado Estado Islâmico lançou uma violenta vaga de ataques a posições do Exército e da polícia egípcia no norte do Sinai. Os ataques começaram na manhã desta quarta-feira e prolongaram-se por mais de oito horas. Já caía a noite quando o Exército deu a ofensiva como terminada e anunciou a sua contagem: morreram mais de 100 jihadistas e 17 soldados egípcios.
Os números levantam dúvidas. Ao longo da tarde, as informações que circulavam vindas de fontes não identificadas dentro do Exército diziam que tinham morrido cerca de 70 soldados e civis egípcios. A embaixada norte-americanano Cairo fala de “dezenas de funcionários egípcios” mortos. As estimativas iniciais do Exército apontavam para a participação de 70 combatentes islamistas no ataque. Mais tarde, este número cresceu para os 300.
Durante a manhã, o grupo islamista conhecido como Província do Sinai atingiu vários locais com carros bombas e vagas de artilharia. Durante várias horas, o grupo parece ter tentado ocupar Sheikh Zuweid, cidade onde os jihadistas cercaram e armadilharam a esquadra da polícia. Os jihadistas plantaram também bombas nas principais vias de acesso à cidade, para evitar a chegada de reforços do Exército egípcio, e capturaram veículos, armas e munições.
“Não podemos sair das nossas casas”, dizia durante a tarde Suleiman al-Sayed à Reuters, residente em Sheikh Zuweid. “Há pouco vi cinco carrinhas com homens armados e mascarados a acenarem bandeiras negras.”
A situação pareceu estar longe do controlo do Exército durante algumas horas, mesmo com o apoio de jactos F16 e helicópteros Apache no ar. Aos ataques em Sheikh Zuweid juntou-se uma grande explosão sentida nos arredores da cidade de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza. Israel fechou a sua fronteira com o Egipto e enviou tanques para a linha do Sinai.
Sinai em tumulto
É o ataque mais mortífero na região conduzido por um grupo islamista. Desde 2011 que a Península do Sinai é contestada por vários grupos que quiseram tirar proveito da queda de Hosni Mubarak e reclamar esta região-chave, em contacto com o canal do Suez e fronteiras de Israel e Faixa de Gaza.
Mas os grandes atentados começaram em meados de 2013, quando Mohamed Morsi, que governava o Egipto com o apoio do partido criado pela Irmandade Muçulmana depois da queda de Mubarak, foi arrancado do poder por um golpe do general Abdel al-Sisi, agora Presidente do Egipto.
Al-Sisi ilegalizou então a Irmandade Muçulmana, deteve e condenou à morte centenas dos seus apoiantes. Este controlo existe ainda hoje. Também nesta quarta-feira, nove membros da Irmandade Muçulmana foram mortos no Cairo pela polícia.
Ao cerco de al-Sisi às organizações islâmicas, os extremistas responderam com violência. Desde que al-Sisi se tornou Presidente do Egipto, já cerca de 600 polícias e militares morreram em ataques comandados por grupos islamistas, a maioria no Sinai.
O Ansar Bait al-Maqdis era o grupo mais mortífero da região. No final de 2014, o grupo jurou lealdade ao autoproclamado Estado Islâmico e mudou o nome para Província Sinai, recebeu novo armamento e mudou de lógica operacional. Passou a lançar ataques em grande escala. Em Janeiro, o Província Sinai matou 24 soldados, seis polícias e 14 civis naquele que era, até ao momento, o seu maior ataque na região.
No combate contra os grupos extremistas que formigam na região, o Exército destruiu túneis que faziam a ligação com a Faixa de Gaza, onde operam algumas organizações, e aumentou o policiamento junto à fronteira com Israel.
Ao longo dos últimos seis meses, o Exército egípcio lançou várias operações militares contra grupos extremistas. Uma delas, em Fevereiro, terá matado 24 combatentes do Província Sinai.
A presença do Exército egípcio no Sinai está condicionada pelos acordos de paz com Israel de 1979, mas os israelitas têm permitido que Cairo envie reforços para a região para combater a insurreição.
Segundo a Reuters, a violência do ataque desta quarta-feira pode fazer com que os acordos sejam revistos. “Este incidente pode alterar tudo”, disse um responsável israelita à agência, sem se identificar.
Comentários
Enviar um comentário