Risco de atentado é cada vez maior. Até para os portugueses

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RiscoRisco de atentado é cada vez maior. Até para os portugueses António Basto foi uma das vítimas. Estava no país a trabalho e deveria ter regressado ontem a França, onde vivia desde 1970


O ataque terrorista da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico que terminou na madrugada de sábado em Uagadugu, a capital do Burkina Faso, fez pelo menos 29 mortos de oito diferentes nacionalidades, segundo um balanço feito ontem à tarde pelas autoridades burquineses e numa altura em que ainda estavam por identificar sete corpos.

Entre eles estava o português António de Oliveira Basto, de 52 anos. Uma morte que aumenta para 12 o número de cidadãos nacionais que perderam a vida em atentados terroristas desde o 11 de Setembro.

"O risco de sofrer um atentado é cada vez maior. Até para os portugueses", disse ao DN José Manuel Anes, presidente do Conselho Consultivo do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo.

"Foi a primeira vez que ele foi ao Burkina Faso", contou Angélique Basto, uma das filhas de António Basto, ao DN. O português, nascido em Massarelos, no Porto, em 1963, vivia em França desde os 7 anos.

Novo ataque ao turismo. Desta vez foi a Al-Qaeda no Burkina Faso

"É estranho explicar, mas eu tive um pressentimento. Estava convencida de que alguma coisa tinha acontecido.

O meu pai não gostava de comida picante e sabendo que aquele restaurante era frequentado por muitos europeus, dentro de mim, algo me dizia que ele estava lá", contou à FranceInfo Angélique. Segundo este relato, António Oliveira Basto estaria no café-restaurante Cappuccino, um dos alvos do ataque, a par do hotel Splendid.

"A minha mãe falou com o meu pai pela última vez na sexta-feira, por isso ela sabia que ele estava no restaurante", prosseguiu a jovem à mesma rádio.

"Fui eu quem telefonou à minha mãe para lhe dizer que se tinha passado qualquer coisa no Burkina Faso, num restaurante chamado Capuccino", acrescentou Angélique.

Um português em França

O português era casado com uma francesa e tinha três filhas e um filho, o mais novo. Viviam em Bosc-Hyons, cidade com pouco mais de 300 habitantes em Seine-Maritime, na Normandia.

"Ele amava muito o seu país", contou Angélique por mensagem eletrónica, lembrando como o pai lhes apresentou alguns pratos da cozinha portuguesa.
"De tempos a tempos, partíamos de férias para ver a família". No Porto vivem alguns primos e o padrinho.

Com António estavam as duas vítimas mortais francesas, Eddie Touati, de 54 anos, e Arnaud Cazier, de 41. Os três eram colegas na Scales, uma empresa de transportes de grande envergadura, e estavam em Uagadugu a trabalho, num projeto de uma central elétrica, desde dia 5.

"Eles deveriam regressar a França no domingo à noite", confirmou ontem Caroline Cayeux, presidente da Câmara de Beauvais. Thierry Costard, o diretor da empresa onde António trabalhava desde 2004, elogiou "a competência, seriedade e profissionalismo" dos três.

O governo do Burkina Faso deu entretanto a indicação da existência de um segundo morto de nacionalidade portuguesa, mas essa informação não foi confirmada pela secretária de Estado das Comunidades até ao fecho desta edição.

O Governo francês ocupar-se-á do repatriamento do corpo de António Basto. "O Quai d" Orsay telefona-nos regularmente", disse Angélique ao DN, referindo-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. "O ministro português telefonou-me esta manhã para apresentar as suas condolências".

Muitos emigrantes

Com os atentados em Paris do ano passado, o terrorismo na Europa tornou-se mais real, obrigando governos e população a olhar de outra forma para esta ameaça. Incluindo Portugal.

"A situação está perigosa. Em Portugal está mais perigosa do que estava há um ano ou dois, mas mesmo assim estamos melhor do que os nossos vizinhos europeus.

Estamos longe do perigo que se vive em Espanha, França, Reino Unido e mesmo a Bélgica", referiu ao DN José Manuel Anes, presidente do Conselho Consultivo do OSCOT.

Outro fenómeno que se tem verificado de forma mais constante no último ano é a realização de ataques terroristas, na sua maioria do Estado Islâmico, mas não só, em países considerados destinos turísticos, Turquia e Tunísia são disso exemplo, e com um elevado número de vítimas mortais das mais diversas nacionalidades, como no atentado desta sexta-feira no Burkina Faso.

E, apesar de o número não ser muito significativo, é cada vez mais frequente o registo de vítimas mortais portuguesas - desde o 11 de Setembro, Portugal lamenta já a morte de 12 cidadãos. "Eles não procuram a nacionalidade das pessoas, não é uma coisa contra os portugueses ou outros.

Para eles quantas mais nacionalidades melhor", acrescentou aquele especialista, ressalvando que o risco de que existam vítimas portuguesas aumenta com o facto de termos muita emigração.



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