Carne de Porco Faz Mal à Saúde? Tipo de carne mais consumida em todo o mundo, a carne de porco tem sido motivo de controvérsias há décadas, desde os tempos em que os animais eram criados em chiqueiros nada higiênicos e se alimentavam de restos de comida.
Embora algumas religiões proíbam o consumo de carne suína, a maioria das pessoas ainda a evita por acreditarem que a carne de porco faz mal à saúde.
Some-se a isso ainda a fama de que a carne de porco é rica em gordura e colesterol, e temos que a carne suína é quase que um tabu em muitos lares brasileiros.
Histórico
Acredita-se que que o porco tenha sido domesticado há cerca de 10 mil anos na região em que hoje situa-se a Turquia, um dos países que atualmente desestimulam o consumo da carne suína por questões religiosas.
Por volta de 1532 os portugueses trouxeram os primeiros porcos ao Brasil – animais cujos descendentes dois séculos mais tarde entrariam na criação do mais famoso prato nacional, a popular feijoada.
Se ainda hoje a receita atrai milhares de adeptos, a verdade é que, com as recentes mudanças nos hábitos alimentares e a maior preocupação com a saúde, a feijoada já não tem o mesmo apelo de antes.
Um único prato da iguaria contém aproximadamente mil calorias, e isso sem levar em consideração os acompanhamentos – torresmo, farofa, etc.
Informação Nutricional da Carne de Porco
Apesar dos receios quanto às calorias da carne de porco, ela não é a mais calórica das carnes. O lombo suíno, por exemplo, é menos calórico que a coxa de frango ou o filé mignon bovino.
Tudo portanto irá depender do corte escolhido, já que opções como a bisteca e o bacon são obviamente mais calóricas e devem ficar fora do cardápio de quem está preocupado com a saúde e a boa forma.
Confira os principais nutrientes do lombo suíno, considerado o melhor corte da carne de porco (nos quesito calorias e teor de gordura):
Porção de 100 g
- Calorias: 143 kcal
- Gorduras totais: 5 g
- Gordura saturada: 1g
- Proteínas: 26 g
- Colesterol: 73 mg
- Carboidratos: 0 g
Principais vitaminas:
- Tiamina (B1): 63% IDR (Ingestão Diária Recomendada)
- Niacina (B3): 37%
- B6: 37%
- Riboflavina (B2): 23%
Minerais:
- Selênio: 55% IDR
- Fósforo: 27%
- Zinco: 16%
- Potássio: 12%
- Ferro: 6%
Benefícios da Carne de Porco
O principal benefício da carne de porco é o alto teor proteico do alimento, que pode ser uma fonte acessível de proteína de alto valor biológico. Outras vantagens do consumo de carne suína magra:
- Elevado teor de tiamina, vitamina que participa do metabolismo energético e garante a saúde dos sistemas nervoso e muscular;
- É fonte de vitamina B6, essencial para a formação de novas proteínas a partir de aminoácidos livres;
- Estimula a recuperação e o crescimento do tecido muscular, funções essenciais para quem malha e tem o objetivo de aumentar a massa magra;
- Fornece niacina, nutriente que atua no metabolismo energético e na queima de gordura. Uma única porção de lombo de porco assado fornece mais de 50% das necessidades diárias da vitamina;
- Rico em zinco e selênio, minerais que atuam como antioxidantes e combatem os danos celulares causados pelos radicais livres;
- Menos calóricos que a carne bovina, o lombo e o filé mignon suíno podem fazer parte das dietas de emagrecimento, pois possuem digestão lenta e prolongam a saciedade.
Carne de Porco x Carne de Frango
No geral, ambas apresentam valores nutricionais semelhantes quando levamos em consideração os cortes mais magros de ambos os animais (lombo suíno e peito de frango). A carne de frango é levemente mais proteica: são 31 g na carne de ave contra 26 g da suína (por porção de 100g).
O frango também possui mais colesterol que o porco, embora o teor de gordura seja um pouco menor na ave (4 g/100g contra 5 g do lombo suíno). No entanto, assim como a coxa apresenta um teor de gordura maior que aquele do peito de frango, o mesmo se aplica aos cortes de carne de porco. Enquanto o toucinho é quase que gordura pura, o lombo suíno é mais magro que quase todas as partes de frango.
A carne de porco possui digestão mais lenta que a carne de frango, o que significa que a carne suína (mesmo os cortes mais magros) não é uma boa opção para ser consumida poucas horas antes do treino.
Afinal, carne de porco faz mal à saúde?
Vamos começar afirmando que não há, até o presente momento, nenhuma pesquisa conclusiva que nos permita afirmar que a carne de porco faz mal à saúde ou então que ela é totalmente segura.
O que existem são bons argumentos de ambos os lados, que tentaremos resumir logo abaixo para ajudá-lo em sua própria decisão.
Os dois lados:
1. Carne de Porco Faz Mal à Saúde
Essa ainda é a visão preponderante em muitas regiões do mundo, em parte por motivos religiosos mas também por conta da questão sanitária.
Devido ao manuseio durante o abate, cozimento errôneo ou mesmo em razão da própria natureza do animal, a carne suína pode abrigar uma série de parasitas que podem até causar doenças mais sérias, como a cisticercose.
Causada pela ingestão dos ovos da Taenia Solium, a cisticercose pode provocar convulsões, dores de cabeça e problemas psiquiátricos.
Cepas resistentes de bactérias como a E. coli e a salmonela também podem estar presentes na carne de suínos tratados com antibióticos, o que aumenta o risco de infecções bacterianas em seres humanos que podem não responder ao tratamento com antibióticos convencionais.
Porcos ainda podem ser portadores da Trichinella spiralis, larva que causa a Triquinose ao atingir o intestino humano após o consumo de carne suína contaminada com cistos do parasita.
Após se multiplicarem no intestino, as larvas de T.spiralis caem na corrente sanguínea e invadem o tecido muscular. Entre outras complicações, a triquinose pode causar cólicas, febre, diarreia e dor ou fraqueza muscular.
Outro “contra” da carne de porco seria o alto teor de gordura saturada do animal, gordura essa que está relacionada a um aumento no risco de problemas cardíacos e obesidade. A gordura saturada também é rica em colesterol, partícula que pode se depositar na parede das artérias e causar enfarto e outras complicações graves.
Por último, embora esse problema não seja exclusivo da carne de porco, a carne suína pode conter um alto teor de hormônios do crescimento utilizados durante a engorda dos animais. Estudos indicam que o consumo regular dessas substâncias pode causar uma série de inflamações e até mesmo alguns tipos de câncer.
2. Carne de Porco Não faz Mal
O principal argumento utilizado hoje em dia por quem defende que é um erro pensar que a carne de porco faz mal à saúde é o fato de que os animais atuais não são criados como antigamente.
Ao contrário dos porcos criados por nossas avós, com restos de comida em chiqueiros lamacentos e fétidos, os suínos atuais crescem em fazendas higienizadas e com uma alimentação nutricionalmente balanceada.
Essas modificações na criação, por sinal, foram responsáveis por uma diminuição média de 31% do teor de gordura, 14% das calorias e 10% do colesterol da carne suína nos últimos anos.
Quanto ao colesterol, é possível argumentar que o frango contém teores ainda maiores da lipoproteína, além do fato de que é possível encaixar o porco na alimentação de maneira esporádica sem comprometer os níveis de LDL (colesterol ruim) na circulação. Afinal, uma pequena porção de carne suína não oferece mais que 25% da quantidade máxima de LDL permitida na dieta.
Quanto à principal preocupação com a carne suína, que é exatamente a presença de vírus, bactérias e vermes, o fato é que é possível eliminar o problema através do cozimento adequado da carne de porco. Ao elevar a temperatura interna do alimento, os possíveis cistos e demais patógenos são destruídos, de maneira que não há risco em consumir a carne de porco se ela estiver bem cozida.
Por esse motivo, portanto, não se deve, em hipótese alguma, comer carne de porco crua ou malpassada. O que nos leva a concluir que parte do preconceito enfrentado pela carne suína se deve ao preparo da mesma, e não somente ao alimento em si.
Consideração Final
A carne de porco é a proteína animal mais consumida em todo o mundo, e não há sinais de que seu consumo esteja em declínio. Somente os chineses, que são os maiores consumidores do alimento, consomem cerca 40 kg/pessoa de carne de porco ao ano.
Muitos profissionais da área são enfáticos ao afirmar que nos dias atuais a carne de porco é tão (ou até mais) saudável quanto a carne de frango, uma vez que os porcos não receberiam tantos hormônios como as aves. Além disso, o teor de gordura de um corte magro de carne suína é menor que aquele encontrado no frango, o que não justificaria deixar de comer porco somente com base nas calorias.
Por outro lado, é fato que a carne de porco é mais suscetível à contaminação que os demais tipos de carne, o que exigiria um cuidado maior ao preparar e consumir o alimento.
Garantir que a carne está devidamente congelada antes do cozimento (as baixas temperaturas também ajudam a destruir certos patógenos), higienizar os utensílios, e fazer um cozimento em altas temperaturas são maneiras de eliminar esse problema.
Todas essas informações nos permitem concluir que:
- Carne de porco não é essencial à sua dieta, mas pode ser uma alternativa saudável ao frango e à carne bovina;
- A produção avançou muito nas últimas décadas e hoje pode-se dizer que a carne de porco não faz mal desde que seja manipulada e cozida de maneira adequada;
- Fuja de qualquer outro corte que não seja o lombo, o filé mignon e o pernil suíno;
- Os cortes mais magros do porco ainda são mais gordos que os equivalentes nas carnes de frango e de boi, mas são menos gordurosos que o restante dos animais (coxa com pele, picanha, etc);
- Consuma no máximo uma porção semanal de carne de porco para não atrapalhar a digestão e a dieta;
- Só compre a carne em estabelecimentos confiáveis e que garantem a procedência dos animais. Caso tenha acesso, opte pela carne de porco orgânica, que é livre de hormônios e demais aditivos químicos.
Ou seja:
Não é verdade que o consumo de carne de porco faz mal à saúde, claro que de maneira esporádica. A carne suína pode ser uma opção para quem busca por uma alternativa rica em proteínas mas não quer gastar tanto com a carne vermelha ou então está cansado de comer tanto frango todos os dias.
No entanto, como é necessário levar em consideração o alto teor de gorduras e possíveis contaminantes da carne de porco, dê preferência para os cortes mais magros e sempre cozinhe muito bem o alimento.
Preparo
O preparo da carne de porco faz toda a diferença. Consumir carne suína sem que ela esteja devidamente cozida pode trazer riscos à saúde. Para evitar contaminações, certifique-se de que o interior da carne seja cozido a pelo menos 71oC.
Ou seja, nada de porco cru ou mal passado. E embora esta seja a maneira mais comum de preparar a carne suína, a fritura deve passar longe do seu cardápio, mesmo que você não tenha problemas com a balança.
O óleo em altas temperaturas gera compostos tóxicos que podem prejudicar a saúde e aumentar o risco de uma série de doenças.
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