Diretor da Facebook detido por recusar cooperar com justiça brasileira
Diretor da Facebook detido por recusar cooperar com justiça brasileira.No Brasil, a recusa da WhatsApp em fornecer os dados de utilizadores no âmbito de uma investigação de tráfego de droga levou à detenção do responsável do Facebook.
Foi apenas um dia na prisão, mas dificilmente Diego Dzodan esquecerá a experiência: na sequência de uma ordem de um tribunal do estado brasileiro do Sergipe, o principal diretor do Facebook para a América Latina acabou por ficar detido numa prisão de São Paulo.
A detenção viria a ser interrompida pela ordem de um outro juiz que a considerou ilegal, uma vez que Diego Dzodan não tinha sido especificamente nomeado por um mandado que instava os responsáveis da Facebook a cooperar com as autoridades brasileiras nas investigações relacionadas com tráfico de droga.
A Associated Press informa que a detenção está diretamente relacionada com a recusa da Whatsapp, que foi comprada pela Facebook em 2014, em acatar as ordens da justiça brasileira que tinham por objetivo a obtenção de conteúdos das mensagens e dados relativos à localização dos membros de um grupo de suspeitos de tráfego de droga que usavam o WhatsApp.
Face à recusa da WhatsApp/Facebook, a justiça brasileira começou por aplicar uma coima diária de 50 mil reais (cerca de 11,5 mil euros) por cada dia que os dados demorassem a ser fornecidos. Passados dois meses de recusa, a justiça elevou a coima para um milhão de reais (cerca de 46 mil euros) diários.
Desde a aplicação da lei do Marco Civil que o governo federal e a justiça brasileira têm vindo a protagonizar um braço de ferro com as empresas tecnológicas.
A Whatsapp, com mais de 93 milhões de utilizadores, tem vindo a manter-se no centro da polémica, muito por força de um sistema de encriptação que limita a aplicação do acesso facilitado aos dados dos utilizadores, que está previsto na Lei do Marco Civil.
Devido a esta recusa, a WhatsApp chegou a ser punida com dois dias de bloqueio no Brasil – que acabaram por ser reduzidos para cerca de 12 horas.
As comparações com o braço de ferro entre Apple e FBI nos EUA são inevitáveis – mas tirando o facto de o diferendo ter sido iniciado por um mandado da polícia que pretende aceder a dados de suspeitos de crimes (no caso dos EUA, trata-se de alguém que cometeu um atentado terrorista), não haverá muitas mais semelhanças.
Nos EUA, as maiores marcas de Internet – das mais recentes, como a Dropbox, às marcas mais antigas, como a Microsoft – juntaram-se numa iniciativa que exige novas regras para o acesso a dados de utilizadores, e manifestaram oficial ou oficiosamente o apoio à Apple.
No Brasil, a WhatApp/Facebook tem permanecido mais ou menos isolada. De acordo com a Associated Press, marcas como a Google e a Yahoo têm aceitado cooperar com as autoridades brasileiras no que toca ao fornecimento de dados.
Entre os motivos que estão na origem da Lei do Marco Civil, está a vontade política do executivo de Brasília em criar um sistema de comunicações que não fosse sujeito aos mecanismos de monitorização das agências de espionagem dos EUA.
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