Tropas russas entram em território ucraniano. Kiev prepara-se para combater

Tropas russas foram avistadas a entrar em território ucraniano, a partir do posto fronteiriço de Donetsk 

Oficiais da NATO confirmaram esta quarta-feira a entrada de tropas e equipamento militar russo na Ucrânia. Ministro da Defesa da Ucrânia diz que o país se prepara para o "combate". Conselho de Segurança da ONU convoca reunião de emergência.

"Tanques russos, artilharia russa, sistemas de defesa aérea e tropas de combate russas" foram avistados a entrar na Ucrânia esta semana. A garantia foi avançada à CNN pelo general norte-americano Philip Breedlove, supremo comandante da NATO na Europa. As forças ucranianas já estariam a preparar-se para essa eventualidade.

O ministério da Defesa da Rússia, por sua vez, desmente as declarações de Breedlove. "Deixámos de tomar nota das declarações infundadas da NATO", afirmou o porta-voz oficial do ministério, Igor Konashenkov, citado pela agência estatal russa TASS, relançando que não existem factos que comprovem estas afirmações.

Já os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia admitem a colaboração de "voluntários" da Rússia, confirmando as declarações da Aliança Atlântica. Como tal, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou, a pedido dos Estados Unidos, uma reunião de emergência ainda esta quarta-feira para analisar a situação e acusações.

Ucrânia prepara-se para combaterO ministro da Defesa ucraniano, Stepan Poltorak, disse esta quarta-feira que as Forças Armadas estão a preparar-se para ações de combate no leste, face à "atividade acrescida" da Rússia e dos separatistas pró-russos. De acordo com a agência Lusa, Poltorak disse que se está a assistir a "um reforço da parte dos grupos terroristas (forma como o governo ucraniano designa os separatistas pró-russos do leste) e também da parte da Rússia".

"A nossa tarefa principal é prepararmo-nos para operações de combate. Estamos a fazer isso, estamos a preparar as nossas reservas", acrescentou. Segundo o ministro, a zona de conflito está, de momento, "complicada mas estável".
Poltorak explicou que as forças ucranianas nas regiões de Donetsk e Lugansk "serão reposicionadas" para estarem em condições de enfrentar "ações imprevistas de unidades armadas" em território controlado pelos rebeldes. 

Acordo de cessar-fogo pode ter os dias contadosEstes acontecimentos podem colocar em causa o frágil cessar-fogo assinado a 5 de setembro em Minsk, capital da Bielorrússia, que desde que foi assinado não teve capacidade de impedir completamente os confrontos entre os rebeldes e as forças ucranianas.

Não é a primeira vez que a Aliança Atlântica alerta para a possibilidade de a Rússia estar a enviar reforços para o leste da Ucrânia. Na terça-feira, Breedlove avisava que os russos estavam a reforçar o seu apoio aos rebeldes na Península da Crimeia, possivelmente com "armas nucleares".

Também a Casa Branca, as autoridades ucranianas e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) alertaram para esta possibilidade. A OSCE avistou, inclusive, esta quarta-feira, um comboio de veículos russos a cruzar o posto fronteiriço de Donetsk. De acordo com o Governo russo, os camiões continham ajuda humanitária para a cidade de Lugansk, região controlada por separatistas pró-russos.