França suspende contrato para entrega de navios de guerra à Rússia
Um dos navios de guerra Mistral, que deveria ter sido entregue à Rússia a 14 de novembro, continua atracado no porto de Saint-Nazare |
Atracado na cidade portuária de Saint-Nazaire, em França, o navio de comando e projeção de forças Vladivostok deveria ter sido entregue à Rússia no início deste mês.
Cerca de 400 homens estiveram a treinar durante meses para fazer essa travessia, mas não irão percorrê-la. Pelo menos para já: o Governo francês decidiu suspender a entrega deste e de outro porta-helicópteros Mistral, encomendados pela Rússia em 2011.
A entrega do segundo Mistral estava prevista apenas para 2015, mas o primeiro já tinha falhado o prazo a 14 de novembro. Apesar disso, só esta terça-feira foi divulgada a intenção do Governo francês de suspender o contrato de entrega dos dois navios "até informação em contrário".
"O Presidente da República [François Hollande] considera que a atual situação no leste da Ucrânia ainda não permite a entrega", lê-se no comunicado oficial do Governo francês.
Em causa está o apoio militar da Rússia aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, situação que levou os países da NATO, e em especial os Estados Unidos, a pressionarem a França para anular a entrega, invocando o poder militar que estes navios dariam aos russos. Só o Vladivostok consegue transportar 700 militares, 16 helicópteros de guerra e mais de 50 veículos armados.
Com esta suspensão os franceses estão a tentar manter o acordo com a Rússia, ao mesmo tempo que tranquilizam os seus aliados. Mas podem vir a colocar em causa o contrato de 1200 milhões de euros - o maior assinado entre um país da NATO e Moscovo -, cujo incumprimento pode sair caro ao Governo francês. O Kremlin já alertara para "consequências graves", caso a entrega do primeiro navio não se realizasse até ao final de novembro.
Apesar disto, desta vez a reação de Moscovo à decisão francesa não foi intempestiva. "Vamos aguardar com paciência", declarou o vice-ministro da Defesa russo, Yuri Borisov, realçando que o que está em causa é um adiamento, não um cancelamento.
No entanto, deixou claro que se a recusa de Paris se prolongar muito, "irá à Justiça e imporá multas". "Tudo está por escrito no contrato. Vamos agir de acordo com os termos do contrato, como pessoas civilizadas".
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