Imigrante atacado na Grécia consegue estatuto de refugiado na Bélgica


É um caso sem precedentes: Mamadou Ba, vindo da Guiné, tinha estatuto de refugiado na Grécia. Depois de atacado por membros do Aurora Dourada, pediu asilo à Bélgica, e conseguiu.

Um refugiado vindo da Guiné e a viver na Grécia, Mamadou Ba, é o protagonista de um caso sem precedentes: um país da União Europeia, a Bélgica, atribuiu-lhe o estatuto de refugiado que antes lhe tinha sido concedido por outro país da União Europeia — no caso a Grécia, a quem pedira asilo.


Os ataques de membros do Aurora Dourada e a perseguição implacável dos apoiantes do partido de extrema-direita aos imigrantes na Grécia foram as razões que levaram Mamadou Ba a decidir sair da Grécia e procurar outra vida na Bélgica.

Ba vivia em Atenas desde 2006, conseguiu um emprego e estava envolvido na vida da comunidade africana na Grécia. Depois da ascensão política do Aurora Dourada, que começou uma campanha cada vez mais violenta contra imigrantes — violência que ainda cresceu mais após os bons resultados eleitorais alcançados pelo partido, que em cinco anos passou da quase irrelevância (menos de 1%) para quase 7% e 18 deputados —, Ba foi agredido e, mais tarde, foi perseguido pelo papel que desempenhava junto da comunidade africana.

Mamadou Ba contou à Euronews como foi alvo de um ataque dos membros do partido, que se juntam em bandos de motas, armados, para atacar imigrantes em Atenas — muitas vezes, no centro da cidade. “Quando vi a mota a aproximar-se, percebi que eram eles. A segunda mota chegou e o condutor viu que eu era africano. Ele assobiou-me e perguntou: ‘O que é que ainda estás a fazer na Grécia?’. Começaram a gritar: ‘Responde às nossas perguntas!’” Mamadou Ba correu, tentou fugir. “Aparece outra mota vinda do lado de baixo da rua que eu não tinha visto. Fiquei frente a frente com o condutor. Ele sacou de uma barra de ferro e atingiu-me na cabeça. A única coisa que me lembro foi de ter gritado pela minha mãe”, recordou.

Depois da agressão, o imigrante ficou estendido na rua sem que ninguém lhe prestasse socorro. “Ninguém parou para me ajudar. Quando recuperei a consciência, uns 40 minutos depois da agressão, fiz sinal a um táxi para me levar para um hospital. Estava coberto de sangue e a única coisa que o taxista quis saber era se eu tinha dinheiro”, contou.

Mas o pesadelo não terminou aí. Depois de denunciar publicamente o ataque, Mamadou Ba foi visitado em casa por elementos do Aurora Dourada. “Não sei onde arranjaram a minha morada, mas quando cheguei tinha um autocolante do partido na campainha da minha porta com uma mensagem que dizia: Mamadou, voltamos outro dia, hoje não estavas”, informa.

Receoso de mais violência, o guineense decidiu mudar de casa, mas não pediu protecção ou apresentou qualquer queixa na polícia grega, da qual desconfia depois de ter sido “detido e humilhado sem qualquer razão”. E quando membros do Aurora Dourada assassinaram o rapper grego Pavlos Fyssas, Mamadou Ba seguiu o conselho de amigos e abandonou o país: “Avisaram-me que o próximo na lista podia ser eu”.

O imigrante chegou à Bélgica em Novembro de 2013 e cinco meses mais tarde via aprovado um pedido de asilo político — uma medida inédita mas cuja fundamentação não foi tornada pública pelas autoridades belgas. “A decisão não explica se a Grécia é incapaz de o proteger do Aurora Dourada ou se o Governo grego foi considerado tão responsável como o partido” pela perseguição de Mamadou Ba, disse o seu advogado, Olivier Stein.

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