Português apontado como um dos carrascos no último vídeo do Estado Islâmico

Português apontado como um dos carrascos no último vídeo do Estado Islâmico



Abou Uthman (Dos Santos), lusodescendente, estará entre os 17 jihadistas que mataram 16 soldados sírios e o norte-americano Peter Kassig. Num vídeo divulgado no domingo, surge imediatamente à direita do cabecilha, Jihadi John.


As autoridades portuguesas têm conhecimento da alegada presença de um português, lusodescendente crescido em França, no último vídeo do Estado Islâmico e estão a tentar confirmar a informação, avançada como certa pela imprensa inglesa e francesa.  Abou Uthman (o nome árabe que o português adotou) estará entre os jihadistas que decapitaram 16 soldados sírios e o americano Peter Kassig no vídeo. Nas imagens surge logo à  direita de Jihadi John, o carrasco inglês que mata a única vítima ocidental. 
Dos Santos - o único nome real conhecido - é filho de pais portugueses que emigraram para os arredores de Lille. Foi aí que viveu até partir para a Síria e alistar-se no Estado Islâmico. O site do jornal "France Soir" identifica "Abou Uthman (que tem o nome de guerra NDLR), um francês de Roubaix de origem portuguesa". Também o diário britânico "The Times" identifica o mesmo jihadista no vídeo. "Aparece com o nome fictício Abou Uthman e tem sido fotografado com as suas botas em cima de cabeças cortadas", escreve esta terça-feira o jornal inglês. 
Abou Uthman surge de cara destapada e barrete preto na cabeça. Tem uma longa barba. Tal como os outros jihadistas, também decapita um soldado sírio com uma faca.
Há muito que Dos Santos está referenciado pelos serviços secretos nacionais  e franceses. A sua conta do Twitter, uma das mais ativas de todos os jihadistas francófonos (o maior contingente de ocidentais na Síria), já vai na quinta versão, depois de quatro encerramentos por incitamento à violência e a atos terroristas. Aí fala muito de radicalismo islâmico, mutilações, morte. Sempre em francês.
Abou tem uma legião de fãs, pelas atrocidades que publica online; e outra de inimigos, igualmente aguerrida, que luta para que seja banido das redes sociais. Tanto lhe chamam herói como psicopata, exemplo a seguir e sanguinário. O que publica motiva sempre reações extremadas. Dono de uma barda longa e farta, aparece quase sempre a empunhar armas de vários calibres e tamanhos, de revólveres a lança roquetes. Sob uma das fotos escreveu há alguns meses: "Sem hesitar, enfio-te uma bala na testa se combateres o Estado Islâmico".
Não foi a primeira ameaça que fez. A mais séria, e que deixou os serviços secretos franceses em alerta, surgiu no início de junho: "Anuncio oficialmente e com toda a franqueza: estão a ser preparados dois atentados em França. Tenham Paciência". Nos dias seguintes publicou recorrentemente fotos de cabeças cortadas de soldados sírios e até uma decapitação. Na mais polémica, Santos aparece em pose de futebolista: mas a bola que deveria surgir sobre o pé era uma cabeça.
O vídeo mais violento de sempre
O último vídeo do Estado Islâmico, com a duração de 15m24s, é um dos mais longos, explícitos e violentos realizados pelos jihadistas. Jihadi John, que os serviços secretos supõem ser o rapper londrino Abdel-Majed Abdel Bary, de 23 anos, decapita a sua quinta vítima - a terceira de nacionalidade norte-americana, o ex-ranger convertido ao islão Peter Kassig, de 26 anos. 

Ao contrário de Jihadi John, os restantes guerrilheiros surgem de cara destapada e alguns deles, como Abou Uthman, foram já identificados pelos serviços secretos ocidentais. De acordo com o "The Times", o MI5 está a realizar o reconhecimento facial dos 16 jihadistas que surgem no vídeo. O jornal avança que há naturais de Inglaterra, Austrália, Alemanha, Dinamarca, Filipinas, Chechénia e Estados Unidos.
Em Paris, o Ministério do Interior também já confirmou a presença de pelo menos um francês entre o grupo de executores. Mas a comunicação social garante que há pelo menos dois. Um deles chama-se Abou Abdallah Al-Faransi, nome de código Maxime, um estudante que residia na Normandia antes de se alistar no Estado Islâmico. O francês, que surge de gorro e uma longa barba, já tinha aparecido noutros vídeos dos fundamentalistas islâmicos. Wassim Nasr, um jornalista francês especialista em segurança, garante: "Maxime converteu-se ao Islão aos 17 anos e não tem cadastro criminal em França, tal como acontece com metade dos guerrilheiros ocidentais do Estado Islâmico".
Ao contrário de alguns dos vídeos anteriores, que mostravam as vítimas de joelhos a discursar a favor do Estado Islâmico e a criticar os governos dos Estados Unidos e de Inglaterra antes de serem mortas, o norte-americano Peter Kassig não fez qualquer tipo de declaração. O que leva a crer que se pode ter recusado a fazê-lo. E, desta vez, o Estado Islâmico não mostra o cadáver da vítima decapitada.
O vídeo, intitulado "Although the disbelievers dislike it", inicia-se com uma voz off a contar o historial das guerras mais recentes levadas a cabo pelos exércitos extremistas; lembra os autodenominados mártires do Islão, como Osama bin Laden; e mostra imagens de crianças mortas, alegadamente vítimas dos ataques aéreos realizados pela aviação da coligação. Uma espécie de documentário que não existia nos vídeos das decapitações dos jornalistas James Foley e Steven Sotloff e dos voluntários David Haines e Allan Henning, que ocorreram durante o último verão.
Perto do minuto 9 surge então Jihadi John, vestido de preto, que anuncia: "Este é Peter Edward Kassig, um cidadão norte-americano". Pouco depois acrescenta: "Vamos enterrar o primeiro cruzado americano em Dabiq (cidade no Norte da Síria). Esperamos com impaciência a chegada dos vossos outros soldados, para que sejam igualmente degolados e enterrados aqui mesmo".
Peter Kassig, que já tinha sido filmado ao lado de Jihadi John em outubro, fundou em 2012 a ONG Special Emergency Response and Assistance para ajudar os refugiados na Síria. Trabalhou como voluntário em hospitais do Líbano e foi raptado a 1 de outubro de 2013 quando viajava por Deir Ezzour (Leste da Síria). Converteu-se ao Islão há poucos meses, passando a chamar-se Abdul Rahman Kassig.

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