PSD quer explicações sobre não retirada de idoneidade de Salgado

Ricardo Salgado Foto: Lusa
Partido quer «desacerto» entre os factos afirmados na comissão parlamentar ao caso BES explicado  

O PSD quer que o governador do Banco de Portugal (BdP) explique o «desacerto» entre os factos afirmados na comissão parlamentar ao caso BES e revelações posteriores sobre o porquê de Ricardo Salgado não ter sido afastado mais cedo. 

Na semana passada, ouvido no parlamento, o governador Carlos Costa realçou que o supervisor não tinha poderes consagrados na lei para afastar a equipa de gestão do BES e retirar a idoneidade de Ricardo Salgado, socorrendo-se, entre outros elementos, de um parecer de «dois grandes juristas de Coimbra a mostrar que o BdP não podia fazer o que queria fazer», isto é, afastá-lo da presidência do BES. 

Em carta endereçada aos deputados da comissão, o professor Pedro Maia, um desses dois juristas de Coimbra, «esclarece cabalmente a sua posição», disse à agência Lusa o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim, dizendo «exatamente o contrário» do que havia revelado Carlos Costa. 


Pedro Maia foi chamado pelos sociais-democratas para prestar o seu depoimento na comissão de inquérito, adiantou ainda o parlamentar do PSD. 


«O grupo parlamentar do PSD tem a perceção e faz a interpretação jurídica de que o BdP possui os poderes necessários e bastantes para que fosse retirada em devido tempo a idoneidade dos administradores do BES e do GES», sublinha Carlos Abreu Amorim, coordenador do PSD na comissão de inquérito. 

Em data por agendar será novamente ouvido Carlos Costa e também o vice-governador Pedro Duarte Neves, compromisso estabelecido entre todos os grupos parlamentares, revelou o deputado do PSD. 


A comissão de inquérito, que arrancou na semana passada, tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado. 


A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'bad bank' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

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