Sanders adia regresso de Hillary. Cruz e Rubio tentam travar Trump
Sanders adia regresso de Hillary.Democratas reúnem-se hoje nos caucus do Nevada. Ao mesmo tempo, os republicanos vão a votos nas primárias da Carolina do Sul.Hillary Clinton precisa vencer os caucus do Nevada se quer recuperar a aura de hiper favorita democrata para as presidenciais de 8 de novembro nos EUA.
Donald Trump tem de ganhar as primárias da Carolina do Sul para confirmar que é o líder incontestado da corrida republicana à Casa Branca. Mas nenhum dos dois terá tarefa fácil hoje quando os eleitores daqueles estados forem a votos, na primeira votação em que os dois partidos não coincidem no mesmo local.
A ex-primeira dama porque as sondagens a dão quase empatada com o senador Bernie Sanders. O magnata do imobiliário porque entre polémicas com o papa, vê o senador Marco Rubio a subir nas sondagens, com Ted Cruz não muito longe.
Depois da curtíssima vitória no Iowa e da pesada derrota no New Hampshire, Hillary tem-se desdobrado em ações de campanha no Nevada, num esforço para conquistar o voto hispânico (mais de um quarto da população). Afinal, aquele estado é visto pela equipa da ex-primeira dama como a oportunidade para travar Sanders e protagonizar um regresso em grande ao favoritismo.
Autodenominado socialista democrático, o senador do Vermont teve no vizinho New Hampshire, de larga maioria branca e liberal, terreno fértil para a sua forte mensagem antissistema.
Na quinta-feira, tanto Hillary como Sanders reafirmaram em Las Vegas o apoio à reforma da imigração, num fórum bilingue organizado pela MSNBC e Telemundo. O senador, que até outubro não tinha qualquer estrutura de campanha montada no Nevada, tem atualmente 12 sedes espalhadas pelo estado e apostou em mensagens em inglês e espanhol.
Segundo uma reportagem do New York Times, quem agora percorre as ruas de Las Vegas depara-se com inúmeros cartoons e quadros com a imagem do senador de 74 anos.
As sondagens refletem esta popularidade de Sanders. Se Hillary já chegou a ter 20 pontos de vantagem sobre o senador do Vermont, hoje estão quase empatados. E a ex-secretária de Estado arrisca-se a que mesmo uma vitória não chegue para devolver à sua candidatura a aura de inevitabilidade que já teve. E não falta quem aponte semelhanças com 2008, quando uma hiperfavorita Hillary perdeu a nomeação democrata para o pouco conhecido Barack Obama.
Apoios e o papa
Apoiado pela governadora Nikki Haley, Marco Rubio precisa de um bom resultado hoje na Carolina do Sul para voltar à disputa pela nomeação republicana. E talvez o consiga.
Até porque as sondagens mostram uma forte subida do senador da Florida que, nos últimos dias, até ultrapassou Ted Cruz. Isto apesar de a Carolina do Sul, com muitos eleitores que se identificam como cristãos conservadores, ter tudo para dar vantagem ao senador do Texas, um evangélico que nunca escondeu a sua fé
.
Mas a verdade é que nem Rubio nem Cruz ainda se conseguiram aproximar de Donald Trump. O milionário lidera destacado o que se parece cada vez mais com uma corrida a três pela nomeação republicana.
E segundo o jornal online Politico, a polémica em que a antiga estrela do reality show The Apprenticese envolveu com o papa até o pode ajudar a vencer hoje.
Depois de Francisco ter dito que quem "só pensa em construir muros e não em construir pontes, não é cristão", Trump considerou as palavras do chefe da igreja católica "vergonhosas", mas logo acrescentou ter "muito respeito" pelo papa argentino.
Para o Politico, apesar da importância que dão à religião, os eleitores até podem unir-se em torno de Trump.
"A menos que o papa conheça pessoalmente Trump e as suas crenças, não pode saber se ele é cristão ou não", afirmou àquele jornal David Lane, um influente líder evangélico.
E acrescentou: "Faz com que o papa pareça desastrado. E até pode ajudar Trump".
Para os evangélicos (65% dos eleitores republicanos nas primárias de 2012), a fé é uma questão individual e ninguém, nem mesmos o papa, a deve julgar. "Claro que se pode ser cristão e apoiar um muro na fronteira", disse também o pastor Mike González, em apoio de Trump, mesmo se trabalha na campanha de Ted Cruz na Carolina do Sul.
Longe dos lugares da frente continua Jeb Bush. O ex-governador da Florida contou esta semana com o apoio do irmão, o ex-presidente George W. Bush, mas mal chega aos dois dígitos nas sondagens. De tal forma que o Washington Post escreveu ontem que um novo mau resultado pode ser fatal para as ambições de Jeb de pôr um terceiro Bush na Casa Branca, depois do pai e do irmão.
Próximos passos
Tanto Cruz como Rubio apostam num bom resultado hoje, mas os dois senadores estão já a pensar nos caucus republicano de dia 23 no Nevada. Ambos de origem cubana, esperam beneficiar do voto da forte comunidade hispânica naquele estado.
Do lado democrata, Hillary e Sanders também não descuraram a próxima batalha: na Carolina do Sul, no dia 27. E aí a luta é pelo eleitorado negro.
Tradicionalmente fiel aos Clinton, desde os tempos de Bill, este parece estar a deixar-se seduzir por Sanders, que já recebeu apoios de peso, sobretudo de figuras com apelo junto dos jovens afro-americanos, como o rapper Killer Mike. Mas as sondagens dão larga vantagem a Hillary: 60% contra 32%.
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