Carlos Moedas: Habemus comissário português


Os eurodeputados aplaudiram Carlos Moedas no final do exame oral de três horas. Ia a prova a meio e Carlos Zorrinho, do PS, já lhe dava nota "claramente positiva". No final, fez um balanço mais mitigado.

As "notas" só saem dentro de uma semana, no final das audições aos 27 comissários, mas a avaliar pela ovação que lhe foi oferecida pelos eurodeputados no final de três horas de "exame oral", Carlos Moedas terá passado com distinção pelo "crivo" do Parlamento Europeu. Isso significa que ultrapassou o último obstáculo, podendo agora assumir o cargo de comissário da Investigação, Ciência e Inovação no novo Executivo de Jean-Claude Juncker, que tomará posse em 1 de Novembro.

Ia a prova a meio e o eurodeputado Carlos Zorrinho, do PS, já lhe dava nota positiva. "Meia Audição. Moedas claramente com uma prestação positiva". No final, o único eurodeputado português efectivo da comissão parlamentar perante a qual Moedas terá de prestar contas nos próximos cinco anos (Marisa Matias, do BE, e João Ferreira, do PCP, são suplentes) fazia um balanço mais mitigado: "Ponto Forte: Bem preparado; Ponto Fraco: Falta de compromisso com a garantia de financiamento do Horizonte 2020", sentenciou através do "twitter".

Carlos Moedas tem 44 anos, é natural de Beja e é o segundo comissário mais novo da equipa de Juncker. Começou a sua intervenção num tom mais intimista, recordando as suas origens numa pequena localidade até chegar à universidade, o objectivo pelo quais os seus pais lutaram, um percurso que disse ter sido marcado pela mobilidade geográfica e social possibilitada pela democracia e pela União Europeia. O "momento definitivo" da sua vida, afirmou, foi o programa Erasmus que lhe permitiu estudar e viver em Paris, e fazer uma trajectória de vida que é "uma história europeia", lembrando que conheceu a mulher em França e que dois dos seus três filhos  nasceram em Londres

Respondeu aos eurodeputados em português, inglês, francês e em espanhol e disse que tem três prioridades para a pasta para que foi designado, a começar pela "criação de condições que permitam o potencial pleno" da investigação, ciência e inovação na Europa já que, afirmou, é ainda possível quebrar barreiras e atrair mais talento a nível global.

No início deste 'exame' perante o Parlamento Europeu, o comissário indigitado por Portugal fez ainda questão de falar da sua passagem pelo Governo, em que como secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro foi um dos principais representantes do Governo nas negociações com os representantes da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).

Segundo Moedas, nessa passagem pelo executivo, trabalhou "cada dia, cada hora, cada segundo para eliminar barreiras, eliminar procedimentos e criar novas oportunidades para as pessoas".
Falar da experiência governativa "não me parece que isso seja um bom cartão de visita, até porque o que se espera de si como comissário está nos antípodas do que se fez em Portugal no programa de ajustamento da troika, onde se asfixiou o sistema de investigação, onde se forçou investigadores a abandonar a ciência ou o país", questionou Marisa Matias. Carlos Moedas retorquiu: o trabalho que levou a cabo mostrou que é capaz de "concretizar" e "apresentar resultados", embora reconhecendo os sacrifícios enormes que o programa de ajustamento representaram.

"Foram sacrifícios enormes e eu conheço-os bem, porque os conheço ao nível familiar, ao nível dos meus amigos, e a senhora deputada também [conhece]. E eu sempre reconheci a dureza e o sacrifício que esse programa foi. Mas Portugal estava num momento em que precisava de dar a volta à sua credibilidade e mostrar àqueles que nos emprestaram dinheiro que era um país credível".

Repetiu também que foram muitas as vezes em que não concordou com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). "Eu muitas vezes estive em desacordo com a troika. Muitas vezes estive em desacordo com a troika", insistiu, acrescentando que concorda com a posição adoptada pelo Parlamento Europeu, e já defendida pelo presidente eleito da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no sentido de que, se no futuro, Estados-membros precisarem de novos programas de resgate, estes devem ser feitos "na Europa, só com a Europa" (ou seja, sem FMI), "e com maior escrutínio democrático".

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