Um terço das ambulâncias do INEM em Lisboa estão paradas

Um terço das ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão paradas em Lisboa.

Foi o próprio presidente do INEM que admitiu nesta segunda-feira que há sete ambulâncias, de um total de 21, paradas em Lisboa, após uma vigília nocturna de protesto contra a falta de condições promovida por dezenas de técnicos de emergência e depois de a Federação dos Trabalhadores em Funções Públicas ter anunciado que vai emitir um pré-aviso de greve nacional para dar suporte aos funcionários que não quiserem fazer horas extraordinárias.

À saída do Ministério da Saúde, o presidente do INEM, Paulo Campos, interpelado por jornalistas, reconheceu que há sete ambulâncias paradas, mas considerou que o pré-aviso de greve não terá o efeito pretendido, por não poder dar o suporte anunciado.

“Isto não é uma greve, não houve um pré-aviso. Mas teve a repercussão de haver algumas ambulâncias do INEM hoje sem tripulação. Lisboa está suportada numa redundância do dispositivo. Temos 75 ambulâncias dos bombeiros a trabalhar em Lisboa”, asseverou à Lusa.

A administração do instituto já tinha ameaçado que participará ao Ministério Público contra quem contribuir para colocar em risco o socorro urgente a doentes.

Pedindo à população para não ficar alarmada, Paulo Campos disse que o socorro não está em causa e adiantou que até Setembro vai haver um reforço de técnicos de emergência com a contratação de 85 profissionais. Resta saber como vai ser assegurado o socorro durante este mês e no período de férias, que habitualmente é mais complicado.

“Em Julho e Agosto ainda vai ser pior, vai ser o caos”, teme Ricardo Rocha, presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência, que lembra que o concurso para a contratação dos 85 novos trabalhadores (a que o presidente aludiu) foi lançado em Janeiro passado e que um concurso deste tipo “demora normalmente um ano”.

Mesmo este reforço será insuficiente tendo em conta a saída de muitos profissionais, acredita Ricardo Rocha, que estima em cerca de 250 o número de trabalhadores necessários para suprir as actuais necessidades.

“Dissemos ao presidente em Julho de 2014 que era necessário contratar trabalhadores, mas ele adiou o concurso”, lamenta.

Esta segunda-feira, Luís Pesca, da Federação Nacional do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, explicou também que o pré-aviso de greve anunciado apenas produz efeito a partir das 00h da próxima terça-feira.

Desde o início deste mês que os técnicos de ambulância de emergência se estão a recusar a fazer horas extraordinárias, em protesto contra cortes no salário e contra a falta de pagamento de subsídios e de horas extra. Os trabalhadores queixam-se de estar a fazer mais de 20 dias consecutivos de trabalho para que todos os turnos sejam assegurados.

Ricardo Rocha diz que, mesmo contando com todos os turnos extra, um profissional leva para casa ao fim do mês menos de mil euros e que estão cansados. “Os trabalhadores juntaram-se e disseram: basta!”, sintetiza, enquanto lembra que, de acordo com a lei, apenas podem fazer 150 horas por ano em turnos extra e “já excederam esse limite há muito tempo”.

A versão da responsável pelo gabinete de comunicação do INEM é diferente. Ivone Ferreira sustenta que os técnicos de emergência estão “a faltar ao trabalho” e têm que “justificar as faltas”. “Partimos do princípio de que estão doentes”, diz, enquanto afirma que “ninguém é insubstituível e todos são insubstituíveis”.

Após a vigília desta noite, gerou-se uma guerra de números: enquanto a comissão de trabalhadores do INEM dizia que havia 11 ambulâncias paradas, o instituto garantia então que apenas uma se encontrava nessa situação. O gabinete de comunicação do INEM acrescentava, tal como o presidente fez de manhã, que havia outras 75 ambulâncias, dos bombeiros da Grande Lisboa disponíveis para ajudar nos serviços de socorro.disponíveis para ajudar nos serviços de socorro.

   

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