Altice SA vai acabar. Vem aí a Altice NV
Altice SA vai acabar. Vem aí a Altice NV. Tudo para ganhar poder para mais aquisições: A dona da PT Portugal vai transferir activos e integrar uma fusão no próximo Verão. As operações são realizadas para que o empresário Patrick Drahi possa manter o controlo e continuar as aquisições que tem protagonizado.
A Altice S.A., com sede no Luxemburgo, vai acabar. Vai transferir os seus activos para a recentemente incorporada Altice Luxembourg S.A. E vai fundir-se com a Altice N.V., recentemente criada nos Países Baixos. No fim das operações, que estarão terminadas no Verão, a Altice S.A. acaba.
Fica a nova "holding" holandesa para dar maior capacidade de expansão à empresa sem que o empresário fundador, Patrick Drahi, perca o controlo.
Nesta operação, o valor da empresa que detém a PT Portugal, dona da Meo, que foi tido em conta é de 32,5 mil milhões de euros. É o valor de mercado (que representa o valor das acções multiplicado pelo número de acções).
É uma capitalização que corresponde à soma de grandes empresas nacionais: EDP, Galp, Jerónimo Martins e EDP Renováveis. Com dívida incluída, o valor da Altice chega aos 61,9 mil milhões de euros.
As operações em causa
Começando pela fusão: a Altice S.A., a empresa que está actualmente cotada na bolsa de Amesterdão, vai fundir-se com a Altice N.V. Esta última é a companhia adquirente. A Altice S.A. é a que vai deixar de existir.
Segundo o comunicado oficial, os actuais accionistas da Altice S.A. vão dar os seus títulos em troca de acções de duas categorias distintas (A e B), com direitos de voto distintos, da Altice N.V. "Os dois tipos vão ter iguais direitos económicos e serão cotados na Bolsa de Amesterdão, da Euronext".
Passando para a transferência de activos: os activos e passivos da Altice S.A., antes da fusão, sairão da sua esfera para integrar uma subsidiária, a Altice Luxembourg S.A.
Tanto a transferência como a fusão em torno da companhia que, além da PT Portugal detém a francesa Numericable, exigem a aprovação por maioria de dois terços dos votos (67%) na assembleia-geral extraordinária que se irá realizar na primeira semana de Julho.
À partida, não será difícil obter a aprovação: o comunicado da empresa diz que accionistas com 64,6% do capital da Altice já aceitaram, irrevogavelmente, votar a favor das duas operações. Drahi tem, neste momento, 58% do capital.
De acordo com informações da empresa, estes passos anunciados serão dados até às duas primeiras semanas de Agosto.
Os motivos
A nova estrutura da Altice resultante destas operações vai facilitar as aquisições que a empresa tem anunciado querer fazer, nomeadamente porque há mais acções que podem ser utilizadas nas compras.
Isto porque há, para as empresas, uma possibilidade de concretizar aquisições pela entrega de acções (o que diminui o poder do accionista controlador) em vez de pelo pagamento de dinheiro. Se estiver sempre a entregar acções, o poder dos accionistas maioritários desce.
Daí que agora haja uma fusão, de modo a que a empresa resultante tenha mais acções para entregar.
É nesse sentido que se diz que as operações irão permitir que Draghi mantenha o controlo da empresa. Isso mesmo foi assumido pelo presidente executivo da Altice, Dexter Goei: o objectivo é que o "chairman" fique com, pelo menos, 50,1% do capital da empresa, conforme cita a Bloomberg.
"Segundo os termos da fusão, o grupo vai beneficiar de uma poderosa capacidade de aquisição por entrega de acções sem prejudicar o controlo dos votos do grupo accionista fundador.
A fusão também irá fortalecer a posição da Altice na próxima fase de crescimento do valor", cita o mesmo CEO no comunicado oficial.
A decisão é oficializada numa semana em que uma proposta de aquisição por parte da Altice não correu bem. A administração da operadora francesa de rede móvel Bouygues recusou a oferta que, noticiou-se, seria superior a 10 mil milhões de euros.
As acções da Altice seguem a ganhar 0,99% para os 132,45 euros na bolsa de Amesterdão. Estrearam-se no arranque de 2014 com uma cotação de 28,25 euros.
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