Capacetes azuis dão dinheiro para ter sexo com mulheres que devem proteger
Vários capacetes azuis deram dinheiro e bens materiais e alimentares em troca de favores sexuais de centenas de mulheres no Haiti e na Libéria, denuncia um relatório das Nações Unidas hoje divulgado.
A experiência das missões de manutenção de paz da ONU no Haiti e na Libéria "demonstra que aquelas trocas sexuais são comuns e pouco denunciadas", refere um relatório dos Serviços de Supervisão Interna da Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento, até agora confidencial e datado de 15 de maio, foi obtido pela agência noticiosa AFP e deve ser publicado na próxima semana.
Segundo o relatório, 231 mulheres do Haiti indicaram ter tido relações sexuais com capacetes azuis em troca de serviços ou de bens materiais (roupas, sapatos, perfumes, telemóveis, computadores portáteis).
As mulheres das zonas rurais referem que aceitam ter relações sexuais devido à "fome, falta de abrigo, escassez de bens essenciais e medicamentos".
Em Monróvia, na Libéria, mais de 25% das 489 mulheres, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, questionadas revelou que teve relações sexuais com capacetes azuis em troca de dinheiro.
Esta é uma flagrante violação das regras da ONU, que afirmam praticar uma "política de tolerância zero" em relação ao abuso sexual em missões, e "condenamos as relações entre capacetes azuis e as populações que protegem", refere o documento.
No Haiti, apenas sete mulheres conheciam aquelas regras da ONU, mas não tinham conhecimento de uma linha telefónica confidencial para denunciar abusos.
Dez anos depois do lançamento pela ONU de uma estratégica de luta contra o abuso sexual em missões, o problema continua a ser recorrente.
O documento revela também que as missões da ONU mais atingidas por aquela prática são a do Haiti, República Democrática do Congo, Libéria e Sudão do Sul.
A ONU tem recebido fortes críticas devido à forma como tem tratado as acusações de abuso sexual infantil na República Centro Africana por soldados franceses.
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