Portugueses descrevem aparato policial em operação em Saint-Denis ( França )
Portugueses descrevem aparato policial em operação em Saint-Denis:Um português que vive em Saint-Denis, localidade dos arredores de Paris onde decorre uma operação antiterrorista relacionada com os atentados de sexta-feira, relatou, esta quarta-feira, à Lusa que as autoridades não permitem que as pessoas saiam de casa.
António dos Santos, de 56 anos, vive na Rua da República, em Saint Denis, e disse à Lusa que não pode sair de casa para ir trabalhar porque está impedido pela polícia francesa de o fazer, uma vez que está a decorrer desde meio da madrugada naquela localidade uma operação policial para captura do alegado cabecilha dos atentados da passada sexta-feira e que já provocou dois mortos, entre eles uma mulher que se fez explodir.
"Às 3.30 horas da madrugada disseram que estava alguém numa casa, que havia jiadistas e fecharam toda a rua. Da janela - moro ao lado da 'Mairie' [câmara municipal] - vi muitos carros da polícia, bombeiros e muitos polícias. Depois ouvi algumas explosões e estou a ver pela televisão o que se está a passar", descreveu à Lusa o português, cerca das 7.45 horas em Portugal.
António dos Santos, que vive em França há 27 anos, disse à Lusa que as recomendações da polícia são "para não se aproximar da janela para ver o que se está a passar na rua".
"Estamos à espera que isto acabe porque tenho de ir trabalhar.
Não podemos sair", relatou o emigrante português, explicando que "há muitos polícias armados, muita gente", naquela rua da cidade de Saint-Denis, que acolhe uma grande comunidade portuguesa.
António dos Santos disse à Lusa que, apesar de estar em casa, tem receio do que possa vir a acontecer.
Também Maria Aida Rodrigues, moradora na rua de Saint-Denis, descreveu à Lusa o ambiente envolvente, que testemunhou a partir da janela de sua casa, que dista cerca de 15 metros do apartamento onde alegadamente vivem os jiadistas alvo das autoridades francesas, na sequência dos atentados terrorista da passada sexta-feira em Paris, que provocaram 129 mortos e mais de 400 feridos.
"Às 4.30 horas [menos uma em Portugal continental] acordei com o barulho. Fui à janela e só vi polícia e carros de polícia e ambulâncias.
Entretanto, a polícia apontou-me uma luz e disse-me para meter a cabeça para dentro porque era perigoso", explicou a emigrante portuguesa, que vive em França há mais de 20 anos, adiantando ter visto a polícia a encaminhar "pessoas que saíram do tal apartamento".
Maria Aida Rodrigues, de 63 anos, explicou que a artéria em que vive "é muito calma, apesar de ser uma rua de comércio", mas que hoje "nem a padaria abriu, porque a polícia não deixou".
"Não posso sair, nem andar pela rua. Só vejo polícias, mais de uma centena, seguramente. Há polícias porta sim, porta não", adiantou Maria Aida Rodrigues, expressando que, apesar do aparato policial, não está "com medo".
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