Morreu o rei Abdullah da Arábia Saudita
O rei Abdullah da Arábia Saudita morreu esta quinta-feira, tendo sido nomeado para lhe suceder o príncipe herdeiro Salman, segundo uma declaração oficial.
O anúncio da morte do rei Abdullah bin Abdulaziz Al Saud, 90 anos, foi feito pela televisão estatal, que citou um comunicado da casa real. O óbito, atribuído a pneumonia, ocorreu à 01h00 hora local de hoje (22h00 de quinta-feira em Lisboa).
O até aqui príncipe herdeiro Salman bin Abdulaziz Al Saud vai suceder Abdullah bin Abdulaziz Al Saud. Aquando do anúncio do falecimento do rei Abdullah, o príncipe Moqren foi nomeado como novo herdeiro da Arábia Saudita, cujo nome deriva do fundador do reino, Ibn Saud.
A notícia do falecimento foi conhecida cerca de três semanas depois de ter sido divulgado o internamento de Abdullah, devido a uma pneumonia.
Abdullah foi o sexto rei da Arábia Saudita, tendo iniciado funções em Agosto de 2005.
O novo monarca, Salman bin Abdulaziz Al Saud, 79 anos, foi ministro da Defesa e governador da província da capital e é meio-irmão do monarca falecido, tal como o novo príncipe herdeiro.
Abdullah procurou modernizar reino conservador com resultados desiguais
O rei saudita Abdullah tinha 80 anos quando ascendeu ao trono em 2005, mas apesar de idade avançada procurou de forma enérgica libertar o reino da dependência do petróleo e da influência dos extremistas islamitas.
Com base na imensa riqueza do reino, alicerçada no petróleo, Abdullah lançou projectos para construir cidades, universidades e auto-estradas.
O falecido rei procurou converter o país de um terreno de criação de radicais num parceiro moderado e construtivo na política internacional.
Em 2011, Abdullah resistiu às convulsões da designada Primavera Árabe, que derrubou vários líderes na região, mobilizando vastas somas de dinheiro para procurar satisfazer a população.
Mais recentemente, a Arábia Saudita foi um dos vários Estados do Golfo que participaram na campanha aérea, liderada pelos Estados Unidos, contra o Estado Islâmico na Síria.
A sua nação também liderou de forma inflexível a recusa dos apelos de outros países produtores de petróleo para reduzir a produção.
Mas, ao longo dos anos, a idade de Abdullah e a sua inclinação para o consenso permitiu que os conservadores resistissem às suas reformas, por entre uma falta de clareza quanto ao futuro da monarquia.
Desde a morte, em 1953, do rei Abdul Aziz bin Saud, fundador da Arábia Saudita, que o trono tem passado sistematicamente de uns dos seus filhos para outros, irmãos e meios-irmãos. O meio-irmão de Abdullah, Salman, o príncipe herdeiro que foi hoje nomeado rei, está na casa dos 80 anos e com pouca saúde.
Em Março de 2014, Abdullah nomeou outro meio-irmão, o príncipe Moqren, como um segundo herdeiro ao seu trono, uma decisão inédita pensada para garantir uma transição pacífica.
O comunicado do Palácio Real, de sexta-feira, nomeou Moqren, o mais novo dos filhos de Abdul Aziz, como o novo príncipe herdeiro. Abdullah tinha estabelecido uma Comissão de Sucessão, em 2006, para institucionalizar o processo de sucessão.
Sem ser atingido pelos desregramentos e excessos de muitos dos príncipes, Abdullah era muito popular entre os seus súbditos e seguidor da tradicional vida dos beduínos.
Apesar de ser o 13º filho do rei Abdul Aziz, Abdullah era o único filho da sua mãe, que pertencia à tribo beduína dos Shammar.
Esta situação deixou Abdullah com uma relativa pequena base de apoio entre os muitos príncipes da sua geração.
Nos anos de 1960, foi-lhe confiado o comando da Guarda Nacional, a segunda principal instituição da área da defesa, cargo que manteve até 2009, quando o passou para um dos seus filhos.
Esta posição permitiu-lhe construir relações com a miríade de tribos do reino, que preencheram os efectivos da força, que foi um dos principais pilares da sua autoridade.
Abdullah tornou-se príncipe herdeiro quando o seu meio-irmão Fahd ascendeu ao trono em 1982. A sua ascensão ao trono, em 1995, foi feita perante a rivalidade do clã de Fahd, que era proveniente dos Sudairy.
A partir do final dos anos 1990, promoveu mudanças importantes. Desenvolveu um conselho consultivo, reforçou o controlo sobre as finanças do país e começou a modernizar o sistema da justiça islâmica.
Os conservadores foram desafiados com o apoio que deu a clérigos mais modernistas, a criação de organizações de direitos humanos e o lançamento de uma universidade que, pela primeira vez, permitiu que homens e mulheres se misturassem, para estudar, sem quaisquer restrições.
Não obstante, o seu reino continua a ser fortemente criticado por um registo perturbador nos direitos humanos, incluindo a detenção de dissidentes.
A Arábia Saudita é o único país do mundo que não permite que as mulheres conduzam.
Salman Ibn Abdulaziz al Saud torna-se rei saudita aos 79 anos
O até agora príncipe herdeiro saudita, Salman Ibn Abdulaziz al Saud, de 79 anos, tornou-se esta noite no novo monarca da Arábia Saudita.
Salman herdou o trono, tendo sido investido rei, conforme estipulado nas regras de sucessão, que determinaram também que o seu irmão Moqren bin Abdelaziz al Saud passe a ser o novo príncipe herdeiro, conforme um comunicado da Casa Real. A tomada de posse está marcada para hoje, depois das orações.
Irmão do rei Fahd, falecido em 2005, e meio-irmão de Abdullah, Salman recebeu uma educação religiosa dos clérigos mais importantes do país.
Nascido em Riade, em 31 de Dezembro de 1935, Salman foi nomeado príncipe herdeiro em Junho de 2012, tendo sido desde então vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa. Antes, foi autarca da capital e governador da província homónima.
Comprometido com as causas humanitárias, dirigiu desde 1956 vários comités de ajuda às vítimas de terramotos e inundações em todo o mundo.
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