As cedências que Passos admite fazer ao PS
O presidente do PSD admitiu esta sexta-feira, para chegar a acordo com o PS, acelerar a restituição dos salários no setor público e a remoção da sobretaxa em sede de IRS, desde que sejam respeitadas as metas orçamentais.
"Eu tive ocasião de transmitir a António Costa que estamos totalmente disponíveis para poder reanalisar essas matérias. Não haja dúvidas para ninguém de que, se for possível fazer uma restituição mais rápida dos salários e se for possível fazer uma remoção mais rápida da sobretaxa, não deixaremos de o fazer, porque não temos nenhum gosto em que essas medidas continuem em vigor."
Em declarações aos jornalistas, no final de um encontro entre PSD, CDS-PP e PS, na sede dos sociais-democratas, em Lisboa, Passos Coelho salientou, contudo, que essas medidas de austeridade estão em vigor para assegurar o cumprimento das metas orçamentais, acrescentando: "Portanto, estamos disponíveis para nos aproximarmos do PS, desde que estes objetivos sejam cumpridos".
"Estando disponíveis para acertar outros ritmos de reposição de rendimentos, teremos de os compensar face àquilo que é a informação disponível com outro tipo de medidas que nos mantenham num défice abaixo de 3%. Ora, sobre isto o PS não apresentou nenhuma proposta, mas estamos inteiramente disponíveis para poder trabalhar", completou.
Passos disse ainda ter deduzido da conversa com o secretário-geral do PS que os socialistas deixaram cair a ideia de reduzir temporariamente as contribuições para a Segurança Social, que designou de "plafonamento vertical".
"Isso já era conhecido. Foi, no entanto, um bocadinho mais longe dizendo que não aceitava mesmo qualquer medida de plafonamento, fosse horizontal ou vertical - que é uma coisa que os portugueses não sabem, mas que basicamente respeita, uma a uma proposta que a coligação fez, e outra a uma proposta que o próprio PS fez.
Portanto, deduzo que haja uma proposta do PS que o PS já deixou cair"
Segundo Passos Coelho, para além do "plafonamento na Segurança Social" o PS não manifestou oposição a outras medidas do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP neste encontro, o que considerou ser "bastante construtivo".
O secretário-geral do PS considerou "bastante inconclusiva" a reunião sobre as condições de governabilidade do país, alegando que os dois partidos da coligação não apresentaram qualquer proposta concreta.
"Não foi possível trabalhar aprofundadamente sobre qualquer proposta."
António Costa falava no final de quase três horas de reunião com os líderes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Paulo Portas, na sede nacional dos sociais-democratas.
Perante os jornalistas, o secretário-geral do PS frisou que o PSD "será previsivelmente o partido mais parlamentar, cabendo-lhe por isso o ónus de criar condições de governabilidade - aliás, na sequência do convite que foi dirigido pelo Presidente da República [Cavaco Silva] ao doutor Pedro Passos Coelho".
Neste contexto, António Costa referiu que iniciou esta reunião com a expetativa de que lhe fossem "explicitadas e apresentadas as condições de governabilidade que a coligação PSD/CDS entende deverem ser criadas, tendo em conta o novo quadro parlamentar em que perdeu a maioria e em que necessita de criar condições de governabilidade e de estabilidade".
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