Costa: "Há condições para que seja formado um governo com suporte maioritário na AR"


Costa: "Há condições para que seja formado um governo com suporte maioritário na AR": O líder do PS afirmou, à saída do encontro com o Presidente da República, que apresentou uma "solução alternativa" de governo. A coordenadora do BE garante que "estão criadas as condições" para um governo liderado pelo PS, mas não revela como.

O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou ter condições para que o seu partido possa formar governo e assegurar as condições de estabilidade do país para toda a legislatura com o apoio do PCP e do BE. Foi esta a mensagem que o líder dos socialistas transmitiu ao Presidente da República esta terça-feira numa audiência no Palácio de Belém.

"Há condições para que seja formado um governo com suporte maioritário na Assembleia da República", anunciou à saída do encontro com Cavaco Silva.

"Temos tido contactos com o PCP e o BE. Estão criadas as condições da parte do PS para uma solução na Assembleia da República com estabilidade e que ao mesmo tempo expresse a vontade dos portugueses", acrescentou António Costa aos jornalistas.

Reiterando que não derrubará um executivo sem ter uma alternativa, o líder do PS considerou que ter um governo de gestão "seria muito negativo para a imagem externa de Portugal". E disse ter uma alternativa à esquerda, ao mesmo tempo que sublinhou a inexistência de uma maioria à direita.

"Essa força – o PSD – não conseguiu formar uma solução maioritária, e, como reconheceu ainda há pouco, Passos Coelho não tem condições para um apoio maioritário no Parlamento. Não devemos, por isso, adiar a solução parlamentar que pode assegurar uma maioria", afirmou, acrescentando que o "PS está disposto a assumir responsabilidades para criar essas condições".

Sem querer pronunciar-se sobre quem Cavaco Silva deve indigitar primeiro-ministro, António Costa afirmou estarem criadas "as condições para que o PS possa formar governo e que assegure condições de estabilidade do país, correspondendo a uma mensagem de estabilidade" pedida pelo próprio Presidente da República.
O líder do PS reiterou aos jornalistas que, em função dos contactos mantidos com PCP e com BE, tem assegurado “suporte maioritário na Assembleia da República com o apoio dos dois partidos”.

Tal como Passos Coelho pediu celeridade no processo de entrada em funções de um novo Parlamento e governo, também o líder do PS quer que a situação de “incerteza” não se arraste no tempo.

Ao lado do presidente do partido, Carlos César, do líder parlamentar, Ferro Rodrigues, e de Maria da Luz Rosinha, do secretariado nacional, António Costa foi questionado sobre o teor dos acordos conseguidos com o PCP e o BE, mas não revelou os detalhes.
Já sobre os objectivos que um governo liderado pelos socialistas deve prosseguir, António Costa referiu que deve dar corpo à reorientação política reflectida pelos resultados eleitorais e à consolidação sustentável das finanças públicas.

Bloco garante condições à esquerda mas não revela acordo
Pouco depois, a coordenadora do BE, Catarina Martins, usou a mesma expressão de António Costa sobre a viabilidade de um governo à esquerda, mas sem revelar claramente que se há um acordo escrito e quais os seus termos.

“No que diz respeito ao Bloco, estão criadas as condições para um governo que não tenha Passos Coelho ou Paulo Portas (...), ou seja, estão criadas as condições para uma maioria estável para a Assembleia da República”, afirmou Catarina Martins, após meia-hora de audiência com Cavaco Silva.

A dirigente bloquista afirmou que as “divergências [com o PS] foram ultrapassadas” e defendeu que chamar a coligação a formar Governo seria “uma perda de tempo” por não obter apoio parlamentar e “só atrasa o país”.

Questionada sobre se há um acordo entre o BE e o PS e se permite viabilizar o programa de Governo e um Orçamento do Estado, Catarina Martins referiu que o Bloco é garante de um Governo que assegure salários, pensões e emprego, remetendo para “os próximos dias” o teor do entendimento. “Não faria sentido transmitir o acordo em que estão envolvidas outras duas forças políticas”, justificou.

A dirigente referiu que o PS aceitou as três condições iniciais do Bloco - salários, a rejeição da medida facilitadora dos despedimentos e recuo na descida da TSU – e que isso permitiu avançar nas negociações. “Os reptos que o Bloco lançou tiveram resposta positiva. Todos eles estão a chegar a bom porto”, afirmou.

 

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