Este ano já houve perto de 13 mil fogos. Este domingo, mais de 600 operacionais no terreno combatem três incêndios
AS chamas avançavam em Sortelha, ameaçando pessoas, casas e culturas. Dos três que foram identificados este fim de semana, o incêndio no Sabugal, no distrito da Guarda, era o mais grave e aquele que concentrava um maior número de esforços: 379 operacionais, 126 veículos, um helicóptero e dois aviões. Ativo desde as 2h36 de sábado, foi finalmente dado como controlado este domingo, às 10h30, segundo avança a agência Lusa. Mas não sem provocar vítimas: um homem de 76 anos, que não conseguiu escapar às chamas.
Os meios para dominar o fogo foram conseguidos durante a noite, mal o vento abrandou. "É como na guerra, atacamos quando o inimigo está mais fraco", declarou à Lusa António Fonseca, comandante operacional distrital, que alerta que "dominado" não é o mesmo que "extinto". Assim, ainda há muito trabalho pela frente.
Esta manhã, mais de 600 homens encontravam-se no terreno a combater três incêndios, depois de na sexta-feira passada o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ter colocado 22 concelhos com risco máximo de incêndio. A previsão veio a concretizar-se no concelho do Sabugal, na Guarda, e em Vila Real. Para além da Guarda, os outros dois fogos ativos estavam concentrados no distrito de Vila Real: um deles em Santa Eugénia, no concelho de Alijó (com início a 13h13 de sábado) e outro em Possacos, concelho de Valpaços (que deflagrou às 15h11 de sábado).
Mas o tempo poderá dar uma ajuda neste combate. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê chuva e uma descida das temperaturas para o dia de hoje, especialmente nas regiões do Norte e Centro.
FOGOS E DETENÇÕES AUMENTAM FACE A 2014
Todos os anos, a história repete-se. Os incêndios voltam a aparecer para aquecer o verão e marcar presença nas páginas dos jornais e telejornais.
Só este ano, Portugal teve quase 13 mil fogos (12.810 ocorrências), mais 4% do que a média registada na última década, embora com menos área ardida (43.844 hectares de povoamentos e matos ardidos), segundo dados divulgados esta semana pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Na última década, o pior ano em número de ocorrências foi o de 2005, com mais de 24 mil até agosto; já o ano passado foi o mais brando, com menos de cinco mil.
Este ano o número de ocorrências voltou a aumentar. O dia 8 de agosto viu surgir em Vila Nova de Cerveira (Viana do Castelo) o incêndio mais grave (desde 1 de janeiro a 15 de agosto), que consumiu uma área de três mil hectares. Viana do Castelo, Guarda e Braga foram os distritos com maior área ardida.
Neste panorama nacional, só uma pequena parcela resulta de causas naturais, segundo informa a Guarda Nacional Republicana (GNR): no ano passado, apenas 1% dos fogos teve essa origem. 43% resultaram de negligência, 17% foram intencionais, 9% foram reacendimentos e em 30% dos fogos não foi possível apurar as causas.