“Tratado como criminoso”, Dux renuncia a declarações no caso Meco

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A pessoa mais importante do caso Meco faltou à sessão de hoje, no Tribunal de Setúbal. João Gouveia, o único sobrevivente, renunciou a prestar declarações no debate instrutório devido à “pressão” por parte dos familiares das seis vítimas mortais, que o tratam “como se fosse um criminoso”.

A reabertura do processo do Meco, relativo à morte de seis estudantes da Universidade Lusófona em 15 de dezembro de 2013, começou hoje a ser decidida com um debate instrutório no Tribunal de Setúbal.

A presença de João Miguel Gouveia, o único sobrevivente dessa noite e que as famílias dos seis jovens que morrerem querem ver como arguido se (ou “quando”, no entender dessas famílias) o tribunal optar por reabrir um processo que se encontra arquivado, era a mais aguardada na manhã de hoje, mas que acabou por não se confirmar.

Depois do pai de João Gouveia ter explicado a ausência do filho em declarações para a televisão, a advogada que o representa, Paula Brum, revelou oficialmente que o jovem renunciou ao direito de ser ouvido nesta fase de instrução.

Em causa está a “pressão” que João Gouveia tem sofrido desde o arquivamento do processo, explicou Paula Brum.

A advogada sustentou que o antigo ‘dux’ da Lusófona tem sido tratado “como se fosse um criminoso”, em especial por parte dos familiares dos seis jovens que foram arrastados pelas ondas, “quer com a apresentação de uma queixa autónoma, quer também na forma que atingiu o seu bom nome”.

Uma “pressão” que, segundo o pai, incluiu “ameaças de morte, condenações públicas e perseguições” a João Gouveia. “Transformar um drama real num drama de faca e alguidar é horrível”, comentou o pai do único arguido no processo, insistindo que o filho prestou “todo o tipo de colaboração possível, mesmo quando estava demasiado em baixo”.

“Quando alguém, independentemente da investigação, já o culpabilizou e condenou, não há nada a falar. Respeito demasiado a dor pela morte daqueles jovens para estar a usar o mesmo tipo de argumentos”, acrescentou o pai do único sobrevivente, concluindo: “A partir de determinado momento esse diálogo ficou impossibilitado. Entrámos numa escalada de agressão verbal e insulto”.

A ausência de João Gouveia desapontou os familiares das seis vítimas mortais, que tinham preparado cerca de 100 perguntas, como exemplifica uma questão feita publicamente, hoje, pela mãe de Pedro Negrão, Fátima Negrão: “Queria perguntar-lhe porque levou os nossos filhos para a praia naquela noite”.

Na sessão de hoje foram ouvidas três pessoas, duas das quais por videoconferência. A instrução prossegue na sexta-feira com a inquirição de um perito do Instituto de Medicina Legal (especialista em afogamento), que não foi notificado por um “esquecimento” do tribunal.

O caso remonta a dezembro de 2013, quando sete membros do Conselho Oficial e Praxe Académica da Lusófona foram passar um fim de semana a Aiana de Cima, em Alfarim. Na noite de 15 de dezembro, seis jovens foram arrastados pelas ondas para a morte, na praia do Meco: só João Gouveia sobreviveu.

O caso foi arquivado pelo procurador do Ministério Público do Tribunal da Almada, mas as famílias das seis vítimas mortais apresentaram recurso para abertura de instrução, aceite pelo Tribunal de Setúbal

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