Óleo de Fígado de Bacalhau Engorda ou Emagrece?
Extraído do fígado do bacalhau, como o próprio nome já indica, o óleo de fígado de bacalhau é uma substância rica em vitamina A e vitamina D e que pode ser utilizada para tratar problemas de saúde como colesterol alto, índice alto de triglicerídeos e doença dos rins associadas ao diabetes, hipertensão arterial, doença no coração, osteoartrite (doença degenerativa das articulações), depressão, lúpus eritematoso sistêmico (LES, ou simplesmente lúpus), glaucoma, otite no ouvido médio e feridas na pele.
O óleo, que é uma das melhores fontes do ácido graxo ômega-3, pode ser consumido diretamente pela ingestão do fígado do peixe ou em formato de suplementos.
Por mais que o produto ofereça tantos benefícios, as pessoas que se preocupam com a saúde e também dão importância à manutenção da boa forma ou lutam para emagrecer, podem ter o seguinte questionamento: será que o óleo de fígado de bacalhau engorda? Ou então, será que ele tem propriedades que ajudam a emagrecer?
As calorias
Como de costume, vamos começar a nossa análise para tentar descobrir se o óleo de fígado de bacalhau engorda verificando a quantidade de calorias encontradas na substância.
Em 100 ml do produto podemos encontrar 902 calorias. Entretanto, antes que você se assuste e ponha na cabeça que nunca deverá consumir o componente por conta de um valor calórico tão alto, é importante ressaltar que essa não é a quantia do produto que costuma ser ingerida em um dia ou de uma só vez.
Geralmente, a recomendação é que sejam tomadas 20 ml para tratar os casos de hipertensão arterial e de índice elevado de triglicerídeos e 30 ml para lidar com o colesterol alto. Isso corresponde a uma taxa calórica de 173 e 260, respectivamente.
Esses números são bem menos assustadores que o primeiro mencionado, não? Mesmo assim, seria possível concluir que o óleo de bacalhau engorda, levando em consideração somente o ponto de vista calórico. Isso se pensarmos de qualquer maneira, que o consumo diário do composto aumentará a ingestão calórica diária do usuário, o que pode resultar em quilinhos a mais ao final de um período mais longo.
Entretanto, pensando exclusivamente nas calorias, para ter certeza do efeito que isso poderá causar no corpo da pessoa, precisaríamos conhecer o contexto no qual ela está inserida e qual o seu estilo de vida. Para alguém que consegue ter uma alimentação equilibrada e mantém uma boa regularidade na prática de exercícios, de preferência procurando gastar mais calorias do que consome, talvez a consequência não seja tão grave assim.
Mesmo que nada fosse trocado na alimentação e estilo de vida da pessoa, é bom lembrar que 260 calorias a mais por dia levariam um prazo longo para que o peso aumentasse.
Por outro lado, se o paciente que faz uso do óleo tem uma vida sedentária e não se preocupa muito em manter uma dieta saudável e equilibrada, consumindo muitas calorias e se empanturrando de guloseimas e fast food, a adição de ainda mais calorias certamente resultará no ganho de quilos.
Vale lembrar que esta análise calórica não é válida para pessoas que tomar cápsulas de óleo de fígado de bacalhau. Nesses casos o consumo geralmente é muito menor do que 20 ml por dia, sendo somente de 1 ml a 5 ml por dia.
As calorias não são tudo
Então, isso quer dizer que se o meu médico de confiança me receitar o uso do óleo de fígado de bacalhau, eu não devo utilizá-lo porque a sua quantidade de calorias é grande? Não, até porque ao fazer uma análise relacionada ao potencial de aumento de peso que determinado alimento ou substância apresenta, nós não podemos nos ater somente ao valor calórico de tal componente.
E existem evidências de que o bacalhau, o óleo de fígado de bacalhau e os óleos provenientes do peixe podem colaborar, ainda que de maneira pouco significativa, com a perda de peso. Logo, se como afirmamos acima, a pessoa leva um estilo de vida saudável, o uso do produto provavelmente não renderá quilos em excesso a ela.
Uma pesquisa divulgada na publicação Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases (Nutrição Metabolismo e Doenças Cardiovasculares, tradução livre) em dezembro do ano de 2009 verificou que pessoas que comeram bacalhau cinco vezes por semana durante oito semanas eliminaram aproximadamente 2 kg a mais do que indivíduos que não comeram nenhum tipo de frutos de mar, mas consumiram a mesma quantidade de gorduras, carboidratos e proteínas que os primeiros.
Além disso, uma revisão divulgada na publicação Nutrients (Nutrientes, em inglês) em 2010 identificou que apesar de ainda haver a necessidade da realização de maiores estudos com humanos, há sinais de que a relação entre o ômega-3 – encontrado no óleo de fígado de bacalhau – e a obesidade é inversamente proporcional, principalmente quando o ácido graxo é parte integrante de uma dieta com teor reduzido de calorias.
Um estudo analisado pelos autores dessa revisão revelou que a ingestão do óleo de fígado de bacalhau em ratos não causou diretamente o emagrecimento, porém, fez com que eles construíssem mais ômega-3 em seus tecidos, o que pode causar uma diminuição no acúmulo de gordura futuramente.
Em relação aos óleos extraídos de peixe, um trabalho científico publicado no International Journal of Obesity (Jornal Internacional da Obesidade, tradução livre) mostrou que homens que comeram peixe ou tomaram um suplemento de óleo de peixe três vezes por semana no decorrer de um período de oito semanas perderam praticamente 1 kg a mais do que outros que não se alimentaram com nenhum fruto do mar ou ingeriram suplemento de óleo de peixe durante esse período.
Outra revisão de estudos, dessa vez divulgada em 2009 pela Obesity Reviews (Revisões da Obesidade, tradução livre), verificou que o óleo de peixe pode deixar o corpo com mais energia, reduzir o apetite e atuar na redução do armazenamento de gordura. No entanto, como um óleo de peixe pode ser oriundo de diversos tipos de peixe, não é possível bater o martelo e dizer que o óleo de fígado de bacalhau causará esse efeito com toda a certeza.
Alertas
O uso do óleo de fígado de bacalhau pode trazer reações como arroto, dor de estômago, gosto desagradável na boca, erupção cutânea leve, dor nas costas ou no peito e hipervitaminose – excesso de vitamina no organismo.
Também é importante consultar o médico antes de começar a utilizar a substância, informando o profissional acerca dos remédios que você utiliza no momento. É que o óleo de peixe de fígado pode interagir com pílulas anticoncepcionais, diurético, betabloqueadores (geralmente utilizados para tratar a pressão arterial alta) e anticoagulantes (que ajudam a prevenir a formação de coágulos nos vasos sanguíneos).
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