Movimentos anti-islão impedidos de marchar na França e na Alemanha

A segurança foi reforçada nas principais estações de comboio alemãs por risco de atentados

Justiça francesa proíbe protesto de grupos de extrema-direita em Paris. Polícia alemã evoca “possíveis ataques contra as marchas semanais do Pegida”, o grupo alemão que nasceu na cidade de Dresden e denuncia a “islamização do Ocidente”.

Uma semana depois da chamada “marcha republicana” de repúdio aos atentados que fizeram 17 mortos, incluindo 12 na redacção do jornal Charlie Hebdo, as autoridades francesas decidiram proibir uma concentração em Paris promovida por movimentos que apelam a “expulsar os islamistas de França”. Em Berlim, a já habitual manifestação que o grupo Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida) organiza a cada segunda-feira em Dresden foi anulada por “receio de atentados terroristas”.


Em França, parte da justificação para proibir o protesto refere “que as forças da polícia estão mobilizadas no quadro do plano Vigipirate [sistema de alerta de segurança nacional] e que a sua acção não pode ser desviada do objectivo principal que é a prevenção de novos atentados”.

Mas na decisão do tribunal administrativo de Paris também se lê que “a manifestação projectada não tem por objectivo apelar à condenação dos actos terroristas recentes mas inscreve-se claramente numa lógica islamófoba”. Na prática, o que a justiça diz é que as tensões entre as diferentes comunidades religiosas em França estão já demasiado altas para que se permitam manifestações que as possam inflamar ainda mais.

A palavra de ordem da concentração promovida pelos movimentos Resistência Republicana e Resposta Laica era “Desequilibrados, degoladores, calões… islamistas fora de França”.

Marcada para o 2º distrito da capital francesa, deveria contar com representantes do Pegida alemão, políticos italianos e com o escritor Renaud Camus, próximo da extrema-direita e já multado por “provocação ao ódio racial e à violência”, escreve o jornal Libération. Camus defende que a civilização francesa está ameaçada por uma “grande substituição” demográfica (dos franceses por outros povos).

As autoridades consideraram que a concentração poderia ser cenário “de confrontos entre pessoas que já manifestaram a sua intenção de se opor à manifestação”, sem que expliquem que pessoas são estas. Jacques Boutault, autarca do bairro para onde estava previsto o protesto já defendera que “não deve haver liberdade para os inimigos da liberdade”, pedindo que não se desse “megafones aos extremistas que sonham com uma França dividida, aterrorizada, entrincheirada em ideais xenófobos”.

Os grupos Resistência Republicana e Resposta Laica tornaram-se conhecidos em 2010, quando tentaram organizar um “aperitivo de salsichas” junto a uma das mesquitas mais frequentadas de Paris. Em Março do ano passado, em conjunto com o Bloco Identitário, promoveram uma manifestação de denúncia “da islamização” da França e onde se pedia um referendo sobre a imigração.

Na Alemanha, o Pegida anunciou a anulação do protesto semanal – na última segunda-feira, depois dos ataques em Paris, o grupo reuniu pelo menos 25 mil pessoas (40 mil, de acordo com os próprios), na sua maior manifestação de sempre –, denunciando “um ataque grave à liberdade de opinião e de manifestação” por parte “das forças terroristas”.

O grupo, criado em Outubro, explica na sua página de Facebook que se viu obrigado a anular a manifestação “depois de discussões com os serviços da polícia”. Horas depois do ataque à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo, o Pegida defendeu que os acontecimentos de Paris mostram “como os islamistas”, contra os quais se mobiliza “não são capazes de praticar a democracia mas vêem a morte e a violência como solução”. “Terá de acontecer uma tragédia destas na Alemanha?”, perguntavam.

Os serviços secretos alemães temem ataques terroristas contra os cortejos do movimento, escreve a revista alemã Der Spiegel. “Serviços secretos estrangeiros” terão partilhado com as autoridades alemãs comunicações interceptadas entre “jihadistas conhecidos” nas quais eram evocados “possíveis ataques contra as marchas do Pegida”.

Uma ameaça concreta
“A polícia de Dresden recebeu informações de uma ameaça concreta contra a concentração”, do grupo, confirmaram as autoridades num comunicado. “Houve um apelo a assassinos para se misturarem entre os manifestantes do Pegida e assassinarem um dos líderes do protesto.” Um responsável da segurança ouvido pela Reuters diz que há indícios de planos para ataques em estações de comboios, o que tornaria a concentração do Pegida ainda mais arriscada por ter lugar perto da estação de Dresden.

Tal como em França, na Bélgica ou na Grécia, as autoridades alemãs lançaram nos últimos dias operações para tentar deter suspeitos membros de “movimentos islamistas”. Em Berlim, foram emitidos dez mandados de detenção e duas pessoas foram detidas na sexta-feira.

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